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Afinal, o que é gordura trans?

Thiago Sievers Head de Parcerias

Quando lemos no rótulo do alimento “não contém gorduras trans” ou algo do gênero, nos sentimos de consciência limpa para consumi-lo. Isso porque se sabe popularmente da ação maléfica da substância no nosso organismo – e dessa vez, ao que tudo indica, a sabedoria popular está com a razão.

Mas, afinal, o que é gordura trans? Porque ela faz mal à saúde? Quão mal ela faz à saúde? Quais alimentos a contém? São algumas das perguntas das quais as respostas não vêm acompanhadas da informação de que gordura trans faz mal. Então, para que você tenha consciência de que realmente deve fazer todo o esforço possível para permanecer longe dessa substância, reunimos algumas informações importantes sobre o assunto.

Gordura trans é um tipo de gordura que se forma a partir de um processo químico chamado de hidrogenação. Quando produzida industrialmente, a gordura trans é proveniente de óleos vegetais, mas ela também pode ser obtida naturalmente. A informação do que é a substância e do que é composta é profundamente técnica e de difícil entendimento, então vamos logo ao que realmente interessa.

Não existe quantidade recomendada para o consumo desse tipo de gordura. Na verdade, existe sim: zero – essa é a quantidade ideal. A substância em nada favorece a saúde humana. Entretanto, atualmente é quase impossível limpar o seu consumo do dia a dia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha que a ingestão da gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico de nossa dieta. Considerando que normalmente os valores diários dos alimentos são baseados numa dieta de 2.000 calorias, então não se deve consumir mais do que 2g de gordura trans por dia. Contudo, se você comer quatro bolachas waffer já ultrapassou esse limite. Sentiu o drama?

“Mas então, se a gordura trans só traz malefícios, porque ela é usada na fabricação de alimentos?”, você pode se perguntar.

Existem diversos fatores que fazem com que a indústria alimentícia opte por ela – mas somente um motivo. Alguns dos fatores são: alimentos mais saborosos, aparência mais agradável, consistência mais adequada, durabilidade prolongada. E o motivo, ao que me parece, é: produtos mais atraentes para o consumidor. Quem vai preferir uma bolacha com gosto de chinelo, aspecto envelhecido, consistência levemente murcha e com validade de dois dias – mesmo que ela seja mais saudável – do que as gostosuras que se vende por aí? Quem? Desses quatro fatores, o único que me parece de razoável aceitação é o potencial de conserva. Os outros, por serem em detrimento da saúde, são censuráveis.

A gordura trans provoca o aumento do LDL (conhecido como colesterol “ruim”), o que, por si só, não é nada demais se comparada à gordura animal (ou saturada), que também desencadeia essa reação. O que a torna a pior alternativa de gordura é o fato de ela diminuir os níveis de HDL (ou o “bom” colesterol) no nosso organismo. O LDL tem o potencial de fazer com que placas de gordura se acumulem nos vasos sanguíneos ocasionando possíveis obstruções, e pode levar, por exemplo, a um infarto ou AVC. Já o HDL está relacionado à diminuição de ateromas (essas placas que se formam nas paredes dos vasos). Além disso, a gordura trans não é sintetizada pelo organismo e, portanto, permanece no corpo produzindo gordura visceral – gordura essa que se acumula principalmente na região da cintura e abdome. (Para saber mais sobre o colesterol clique aqui.)

Como fazer para se livrar da gordura trans?

Antes de qualquer coisa, não acredite nas embalagens que informam que o produto não contém gordura trans. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o rótulo de um alimento pode trazer essa informação se contiver no máximo 0,2g de gordura trans e 2g de gordura saturada por porção. Sou eu que estou ficando louco ou você também acha isso bem estranho? Ou seja, não significa que o produto não contém gordura trans, significa que se a porção de uma bolacha contiver 0,2g de gordura trans ela pode divulgar que é isenta dessa substância. Todavia, se você consumir 11 de suas porções terá excedido a quantidade de gordura trans considerada como aceitável pela OMS sem ao menos ter consciência disso. Para mim, um absurdo – isso abre portas para manipulação de informação.

Para se safar de possíveis jogadas estratégicas e imorais, cheque os ingredientes do produto. Se ali estiver anotado gordura vegetal hidrogenada você já sabe que o alimento contém gordura trans numa quantidade igual ou menor a 0,2g por porção.

Os alimentos que mais carregam essa substância são bolachas, sorvetes, pipoca de microondas, salgadinhos, tortas, bolos, quaisquer fritura que seja feita com óleo que carregue gordura trans e tudo o que envolve margarina em sua composição.

Como falamos no começo do texto, alguns alimentos naturais também contém gordura trans, como carnes e leite de certos animais. A substância ainda é alvo de estudos e – contrariando a sabedoria popular que dessa vez parecia ter finalmente acertado – há quem diga que a gordura trans natural não faz mal à saúde e que, pelo contrário, pode até trazer benefícios ao organismo humano. Mas para afirmar isso é melhor esperarmos novos estudos. O jeito é manter o olho aberto para não cair nas alegações duvidosas da indústria alimentícia.

Fontes: Terra, Uol, Anvisa, Abril