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Eis a dieta sem glúten que fez de Djoko o melhor do mundo

Thiago Sievers Head de Parcerias

Novak Djokovic está voando. O ano de 2015 está caminhando para se equiparar ao de 2011, grande temporada de sua carreira quando ele se tornou o líder do ranking mundial pela primeira vez. Naquela oportunidade ele conseguiu o feito memorável de ganhar três dos quatro Grand Slams disputados no ano e cinco ATP Masters 1000.

E agora ele está perto disso.

Nesse ano Djoko já conquistou o aberto da Austrália, Wimbledon e caiu na final em Roland Garros para o azarão Stan Wawrinka. Em agosto iniciará a disputa pelo US Open, que lhe dará mais uma vez a oportunidade de conquistar 3 GSs numa mesma temporada.

Além disso, o sérvio já faturou em 2015 quatro ATP Masters 1000 (Indian Wells, Miami, Roma e Monte Carlo) e ainda tem mais quatro a disputar.

Ou seja, as perspectivas são ótimas.

Djoko creditou boa parte de sua ascensão em 2011 a uma nova dieta que ele adotou na época, que o livrava do glúten.

Ele achou tão importantes os resultados que a nova alimentação lhe trouxe que escreveu até um livro, o “Sirva para vencer: a dieta sem glúten para a excelência física e mental”.

Até então, o tenista tinha problemas recorrentes em quadra. O episódio de maior destaque aconteceu durante as quartas de final do Aberto da Austrália de 2010, quando ele sentiu problemas estomacais e chegou até a vomitar.

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Percebendo a situação do jogador, Dr. Cetojevic, médico também sérvio, foi conversar com ele suspeitando qual seria o seu problema: intolerância à glúten.

Até então, Djoko nunca havia ouvido falar de tal problema, mas os testes realizados mostraram a ele na prática que a substância realmente fazia a eficiência de seu organismo despencar.

Foi quando o médico sugeriu que ele ficasse duas semanas sem comer pães, laticínios e também tomates (todos esses alimentos o prejudicavam). “(…) conforme os dias foram passando, eu comecei a me sentir diferente. Eu me senti leve, com mais energia. As congestões noturnas que me incomodavam há quinze anos de repente desapareceram”, escreve o tenista no livro.

“Ao final da primeira semana, eu não queria mais comer rosquinhas, cookies ou pães. É como se um desejo de toda uma vida miraculosamente acontecesse. Todos os dias da semana seguinte, eu acordei sentindo como se tivesse tido a melhor noite de minha vida. Estava começando a acreditar”, acrescentou ele.

Foi então que, ao término dos 14 dias, o doutor sugeriu que o tenista comece um bagel, o famoso pão americano. O resultado foi devastador: “Notadamente, no dia seguinte ao que eu introduzi o glúten de volta na dieta, me senti como se tivesse passado a noite bebendo uísque! Me arrastava para fora da cama, como tinha sido durante toda a adolescência. Eu estava tonto”.

E desde então, o maior tenista da atualidade segue essa dieta sem glúten e se mantém no posto máximo do ranking da ATP.

E é claro que ao saber que o grande nome do tênis se tornou o que é muito graças à tal da alimentação gluten-free, nos sentimos tentados a seguir o mesmo caminho.

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Mas, espera aí, será que uma dieta livre de glúten serve para qualquer pessoa?

Conversamos com a especialista em Nutrição Clínica Débora Coca de Moraes para saber se a gente pode trilhar o mesmo caminho de Djoko numa boa – e recebemos sinal amarelo.

As coisas não são tão simples assim.

O GLÚTEN E SUAS IMPLICAÇÕES NO ORGANISMO

O glúten é uma proteína presente em diversos cereais – como trigo, cevada, centeio, aveia e em seus derivados. Então se você for fazer uma dieta livre de glúten, isso implicará em maior custo na aquisição dos produtos alimentícios, menor variedade de alimentos e algumas vezes maior monotonia da dieta ingerida.

“Só que ao fazer isso você deixa também de obter nutrientes importantes que estão presentes nesses cereais oferecem”, explica Débora.

O glúten não precisa ser restringido por pessoas que não apresentem reações à ele. A recomendação indiscriminada para restrição do consumo de glúten, atualmente, não é respaldada na ciência da nutrição.

“Então não se recomenda uma alimentação sem glúten indiscriminadamente porque não há motivos para isso. Não há estudos que comprovem cientificamente que a ausência do glúten melhora o desempenho na atividade física ou auxilia na perda de peso corporal, como tem se falado muito hoje em dia”, esclarece a nutricionista.

Vale lembrar que para algumas pessoas, a restrição do consumo de glúten é consenso, como para os celíacos, pessoas com dermatite herpetiforme e ainda aqueles mais sensíveis ao glúten, que apresentam a chamada intolerância ao glúten-não celíaca.

Ok, mas e como saber se você é celíaco?

“A história clínica de uma pessoa (incluindo sintomas relacionados ao trato gastrointestinal), a avaliação nutricional (principalmente alteração de peso) e o seu registro alimentar, podem em vários casos identificar um alimento responsável pela alergia. Porém, para o fechamento do diagnóstico, são necessários outros exames complementares, que devem ser solicitados pelo médico. O cansaço e a fadiga podem estar presentes em alguns casos devido ao processo absortivo estar comprometido, claro, quando trata-se de um quadro de alergia ao glúten”, explica Débora.

Então a dica é: se você sente incômodos relacionados à alimentação, visite um profissional médico ou nutricionista para verificar se isso está ligado ao glúten. Foi isso o que Djokovic fez. Ele não saiu cortando a proteína como deu na telha. Se você tiver algum tipo de intolerância à proteína, aí sim uma dieta como a do tenista pode te beneficiar em muito.

Agora, se você não tiver nenhum problema com o glúten, não tem motivos para restringi-lo. Isso, na verdade, seria ruim, pois você deixaria de se beneficiar dos outros nutrientes importantes dos cereais.