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Kevin Durant entrou nas finais da NBA como um vilão e saiu como um herói

Pedro Nogueira Editor-Chefe

Quando as finais da NBA começaram, eu tinha um vilão para torcer contra: Kevin Durant.

Torci contra ele e o Golden State Warriors durante a temporada inteira. O time já era uma máquina e havia chegado às finais, com um título e um vice, nos dois últimos anos.

Como Durant teve coragem de se juntar a eles em 2017, sendo que o seu Oklahoma City Thunder fizera em 2016 uma final de conferência disputadíssima contra o GSW, que eles perderam no detalhe?

O OKC era um dos poucos times capazes de fazer frente ao GSW – e Durant deixou a sua cidade para se juntar ao inimigo.

Como se não bastasse o GSW ter o elenco mais sólido da NBA, com vários protagonistas e reservas de luxo, agora eles teriam também os dois últimos MVPs (Jogador Mais Valioso) da liga jogando lado a lado.

Achei a decisão de Durant uma aberração. Bem pior que a de LeBron em 2010, quando ele foi para o Miami Heat.

Em primeiro lugar, LeBron jogava num time (o mesmo Cleveland Cavaliers para o qual ele voltaria depois) que era fraquíssimo e praticamente sem chances de título. Além disso, por melhor que o Heat fosse, não era uma máquina imbatível como o GSW.

Por isso torci vigorosamente contra o GSW e Durant nas finais de 2017.

Mas não teve jeito: ele entrou como um vilão e saiu como um herói. Me rendi ao jogo de Kevin Durant.

Ele mereceu ganhar o MVP (Divulgação / NBA)

Por mais que o GSW já era um time fortíssimo antes dele, quando LeBron crescia em quadra nos momentos decisivos, como aconteceu em 2015 e 2016, ninguém respondia à altura do lado do GSW. Nem mesmo Curry. LeBron foi o destaque indiscutível de ambas finais, mesmo perdendo a primeira. Quase levou o MVP das Finais em 2015 apesar de jogar pela equipe vice-campeã.

Mas em 2017 isso não aconteceu. Durant foi um Gigante, com “G” maiúsculo mesmo. E não por causa dos seus 2,06 metros, mas pelo caráter.

Ele terminou a partida de ontem com 39 pontos e ultrapassou a marca dos 30 nos cinco jogos da final. Sempre que LeBron crescia em quadra – ele teve impressionantes 41 pontos, 13 rebotes e 8 assistências – Durant respondia a altura, com arremessos certeiros de três pontos e belas infiltradas no garrafão.

Para mim, essa não foi a final do GSW contra o Cleveland Cavaliers, mas de LeBron contra Durant. Até mesmo Stephen Curry, herói da cidade, virou um coadjuvante ao seu lado.

Sim, Durant tinha o suporte de uma equipe indiscutivelmente superior à de LeBron. Prova disso é que os caras varreram a dificílima Conferência Oeste com 12 vitórias e nenhuma derrota nos playoffs.

Mas ele fez por merecer o título. E merece outros.

Ainda acredito que Durant e o GSW criaram um desequilíbrio bizarro dentro NBA. Eles quase terminaram os playoffs invictos, se não fosse por uma única vitória do Cavaliers.

Imagino que a consequência dessa temporada é que LeBron vai convencer alguma estrela da liga a mudar-se para Cleveland e, assim, teremos uma NBA que lembrará a Liga Espanhola (com Real Madrid e Barcelona monopolizando os títulos) em vez da Liga Inglesa (marcada pelo equilíbrio com vários times fortes).

Mesmo assim, quando você vê o talento de Durant em quadra, acaba esquecendo isso tudo e fica impossível torcer contra ele. Assim como é impossível torcer contra Messi, ou Federer, ou o próprio LeBron.

Durant entrou como vilão e saiu como herói dessas finais. O título não caiu no colo dele. O cara conquistou na marra e no braço esse caneco.