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O verdadeiro potencial do México está no cinema e não no futebol

0 a 0. O placar frustrou muita gente, até porque o México não é uma das potências do futebol mundial. É um time cada vez mais perigoso, produzindo craques que surpreendem o mundo, mas ainda abaixo das grandes seleções.

Porém, no cinema sua evolução é nítida.

Principalmente pelo talento de “craques” como Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu, o país já impõe bastante respeito não só em festivais internacionais, mas no circuito comercial do mundo todo e até no Oscar. Com 52, 49 e 50 anos, respectivamente, The Three Amigos (como são conhecidos, já que, de fato, são amigos) já conseguiram notáveis sucessos, fazendo filmes tanto em Hollywood como em sua terra natal.

Del Toro é conhecido por suas obras mais sombrias e seu viés mais fantasioso. Amante de monstros e filmes de terror, trabalhou com maquiagem de efeitos visuais durante anos. Nos Estados Unidos, dirigiu sucessos como Blade II (2002), Hellboy (2004) e Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013), mas esteve envolvido em diversos outros filmes, nas mais variadas funções, desde produtor a roteirista, como no caso de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit, Na Unexpected Journey, 2012), produção que ia dirigir.

Mas mesmo com tantos milhões de dólares em bilheterias vindos de filmes de ação, o auge de sua carreira talvez tenha sido o tão sensível quanto dark O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006). A obra hispano-mexicana faturou mais de 80 milhões de dólares no mundo, ocupando o lugar de quinto filme em língua não inglesa mais bem sucedido da história.

Mas não apenas isso.

A produção foi indicada a 6 Oscars (incluindo o próprio del Toro, a Melhor Roteiro Original), tendo ganhado em Maquiagem, Fotografia e Direção de Arte. Esse o filme que realmente mostrou ao mundo quem era del Toro e lhe deu respeito imediato.

Alejandro González Iñárritu não conseguiu os 400 milhões de dólares de Círculo de Fogo, mas foi o primeiro mexicano a ganhar um prêmio de Melhor Diretor em Cannes, com Babel (2006), produção que recebeu 7 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme. Ainda na premiação de Los Angeles, Iñárritu conseguiu indicações a Melhor Filme Estrangeiro simplesmente com todos seus dois longas não falados em inglês: Amores Brutos (Amores perros, 2000) e Biutiful (2010). Sempre em parceria com o roteirista Guillermo Arriaga, o cineasta ainda realizou 21 Gramas (21 Grams, 2003).

Ou seja, seus quatro longas até agora conseguiram grande destaque internacional, tanto por parte da crítica quanto por parte das premiações. Ainda esse ano deve estrear Birdman, sobre um ator que interpretava o famoso super-herói Homem-Pássaro. Com Michael Keaton no papel principal, além de Emma Stone, Edward Norton, Namoi Watts e outros, o filme vem com grande expectativa.

Mas se Iñárritu foi o primeiro mexicano a ser indicado ao Oscar de Melhor Diretor, Alfonso Cuarón foi o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio, por Gravidade (Gravity, 2013).

Famoso por obras visualmente fascinantes, seu longa encantou o mundo e ele teve seu apuro técnico e estético reconhecido, ainda que perdendo a estatueta de Melhor Filme.

Mesmo após duas produções realizadas nos Estados Unidos, um filme mexicano que o tornou reconhecido foi E Sua Mãe Também (Y tu mamá también, 2001). O longa foi premiado no mundo todo e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, abrindo espaço para que Cuarón assumisse projetos britânicos mais caros, como Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004) e Filhos da Esperança (Children of Men, 2006), que também conseguiu indicações ao prêmio da Academia. Sempre numa parceria com o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, a dupla chegou ao reconhecimento absoluto com Gravidade.

Cuarón, Iñárritu, del Toro: difícil apontar quem é melhor. Sem dúvida, o primeiro conseguiu um sucesso maior até agora, mas, com estilos diferentes, os outros dois também merecem diversos elogios e é impossível dizer que não podem nos surpreender ainda mais.

O que dá para afirmar é que é uma geração mexicana talentosíssima. Mas será apenas uma grande coincidência ou realmente indica uma evolução do país em produzir grandes filmes e excelentes profissionais? Esperemos para descobrir. E o melhor: esperemos assistindo a seus filmes.