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Os 7 Pecados Capitais no mundo atual: o orgulho

Eu, eu, eu e eu! Desse desejo, tão conhecido por muitos leitores da era selfie, é que surge o pecado ao qual hoje me debruço: o orgulho.

Tendo como origem a palavra superbia, do latim, o orgulho é também conhecido como soberba e está associado à arrogância e a vaidade.

Tómas de Aquino, filósofo e teólogo, acreditava que a soberba, como um pecado dos mais grandiosos, deveria ser estudado em separado de seus “irmãos”, merecendo maior atenção. Uma atenção VIP a um pecado único!

Alguns mil anos se passaram desde Aquino e a criação dos sete pecados capitais, e cá estamos nós às avessas com o tema do orgulho, da soberba e do narcisismo, tão presentes na geração das páginas sociais, que exibem corpos esculpidos e vidas alegres e completas.

Sem hipocrisia, já que também sou adepta ao Facebook e ao Instagram, preocupa-me quando o hobby torna-se necessidade e a necessidade um vício.

Aqueles que colecionam seguidores se fortalecem com o olhar admirador do outro, sendo que este outro não existe, se consideramos que em uma relação há de haver troca – ora falamos, ora ouvimos.

O Instagram inaugura uma relação não dual que, apesar de um ser seguido e o outro seguidor, não há troca. Uns falam e outros apenas escutam. O Instagram serve ao “famoso” como o lago para Narciso: reflete sua beleza e valor, fortalecendo sua vaidade. Mas há que se tomar cuidado para não cair na água!

E foi pensando nestes narcisos que por vezes se afogam que veio à mente uma doença psiquiátrica conhecida pelo nome de Transtorno de Personalidade Narcísica.

O QUE É

O indivíduo com Transtorno de Personalidade Narcísica tem por característica a necessidade da admiração de todos, acreditando que tudo o que faz é grandioso e perfeito. Dessa forma, ele torna-se incapaz de ter empatia por seu colega, considerando importante apenas aquilo que remete somente a si mesmo.

O narcisista patológico almeja o sucesso, o poder e a inteligência ilimitados. Julga-se belo e presume que todos o desejam e o têm como exemplar de sucesso.

Ele, rotineiramente, superestima suas capacidades e exagera suas realizações, parecendo presunçoso ou arrogante. Acredita que as pessoas ao redor atribuem o mesmo valor a seus esforços e surpreende-se quando não recebe o louvor que espera e julga merecer.

Como consequência de sua personalidade, há uma desvalorização da contribuição e existência do outro, culminando num grande menosprezo.

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Em miúdos, os narcisistas podem ser bastante chatos! Acreditam que somente conseguem ser compreendidos e apenas devem associar-se com outras pessoas especiais, ricas, bonitas, inteligentes e saudáveis, podendo atribuir qualidades de “singularidade”, “perfeição” ou “talento” àqueles a quem se associa. E com isso perdem a riqueza do contato com o diferente, o singular, o “lado B” das coisas e pessoas.

Aqueles que sofrem com esse transtorno tendem a formar amizades ou relacionamentos românticos (que serão frágeis e superficiais, vale notar) somente se vislumbrarem a possibilidade da outra pessoa ir ao encontro de seus objetivos ou aumentar sua autoestima.

Porém, não se enganem com todo esse “glamour” esbanjado pelo narcisista patológico. Os indivíduos com este transtorno geralmente exigem admiração excessiva e sua autoestima é bastante frágil. Eles podem preocupar-se constantemente com o seu desempenho e no quanto são considerados pelos outros, levando a ferro e fogo as expectativas que as pessoas têm de si. Isto frequentemente assume a forma de uma necessidade interminável de atenção e admiração.

Se há tratamento para esta doença? Por se tratar de um distúrbio ainda muito recente, a medicina oficialmente ainda não fala de tratamento medicamentoso. Contudo, uma boa análise psicoterápica pode ajudar e muito!

Mas a questão é: quem vai dizer para o maior vaidoso do mundo que a beleza de seu reflexo n’água é, na verdade, sua maior armadilha?