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2003 no cinema
2003 no cinema

2003 no cinema, dez anos depois

Dez anos atrás, Lula estava no primeiro ano de seu primeiro mandato como presidente; Saddam Hussein havia morrido fazia poucos meses; Sérvia e Montenegro ainda eram “Sérvia e Montenegro”; Amy Winehouse despontava para a fama; Mulheres Apaixonadas entrava em sua reta final; e ainda não existia nem Orkut. No futebol brasileiro, o Palmeiras liderava a Série B, o Cruzeiro liderava a Série A e Alex era um dos destaques do campeonato. Pois é, nem tudo mudou.

Mas e no cinema? Quais foram os destaques, os grandes lançamentos e quais desses filmes continuam vivos na memória dos cinéfilos, após 10 anos? Afinal, como foi o cinema de 2003, visto dez anos depois?

Nesse ano, por exemplo, tivemos a continuação de várias séries de ação. Enquanto + Velozes + Furiosos (2 Fast 2 Furious) e X-Men 2 consolidaram o sucesso de suas franquias que continuam até hoje, As Panteras Detonando (Charlie’s Angels: Full Throttle), O Exterminador do Futuro 3 (Terminator 3: The Rise of the Machines) e Bad Boys II não deixaram grandes saudades, assim como S.W.A.T. e O Hulk (The Hulk). Até o fenômeno de Matrix Reloaded (The Matrix Reloaded) e Matrix Revolutions (The Matrix Revolutions) é muito mais lembrado pelo primeiro filme da série do que por eles mesmos. Por fim, X-Men 2 talvez possa dividir o posto de filme de ação mais lembrado do ano com Kill Bill Volume 1. Assim como qualquer filme do diretor, a vingança da Noiva virou uma instantânea referência pop, apesar de que, para o nível Tarantino de sucesso, deixou um pouco a desejar.

Foi também um ano com muitas comédias. Entre filmes como American Pie: O Casamento (American Wedding), Todo Mundo em Pânico 3 (Scary Movie 3), Um Duende em Nova York (Elf), Papai Noel às Avessas (Bad Santa), Abaixo o Amor (Down with Love), Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday), Garotas do Calendário (Calendar Girls), Simplesmente Amor (Love Actually), Todo Poderoso (Bruce Almigty), Alguém Tem que Ceder (Something’s Gotta Give) e Escola do Rock (The School of Rock), os quatro últimos ganham destaque. O romance de Simplesmente Amor; a indicação de Diane Keaton ao Oscar por Alguém Tem que Ceder; os 500 milhões de dólares em bilheteria e a performance de Jim Carrey em Todo Poderoso; e o legado de Escola do Rock, cada vez mais querido entre os admiradores do cinema e da música, fazem deles as comédias menos esquecíveis do ano.

No Oscar 2004, Seabiscuit, Cold Mountain e Mestre dos Mares (Master and Commander: The Far Side of the World) foram presenças constantes nas categorias, mas não na memória dos cinéfilos. Moça com Brinco de Pérola (Girl with a Pearl Earring) ainda é referência pela fotografia de Eduardo Serra e Monster ainda é lembrado pela atuação de uma transformada Charlize Theron. Um pouco mais marcantes foram o polêmico Aos Treze (Thirteen), o 21 Gramas (21 Grams) de Iñárritu, o Sobre Meninos e Lobos (Mystic River) de Eastwood e o Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (Big Fish) de Burton. O Último Samurai (The Last Samurai) é, até hoje, um grande sucesso entre os jovens, enquanto As Bicicletas de Belleville (Les Triplettes de Belleville) deve ser uma das mais famosas animações fora Hollywood e Miyazaki. Entre os filmes estrangeiros, As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares) ganhou o prêmio de Filme em Língua Estrangeira e foi indicado a Roteiro Original, mas o ausente Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!) faz mais sucesso até hoje. Lembrando que Cidade de Deus, apesar de ter marcado o Oscar 2004, foi lançado originalmente em 2002, no Brasil.

E por falar no cinema brasileiro, 2003 teve filmes como O Homem do Ano, O Caminho das Nuvens, Deus É Brasileiro, Amarelo Manga e os “blockbusters” de Xuxa, Didi, Os Normais – O Filme e Casseta & Planeta: A Taça do Mundo É Nossa. Lisbela e o Prisioneiro ainda é lembrado por vários motivos, desde a música “Você Não Me Ensinou a Te Esquecer” às críticas de que Guel Arraes estaria se desgastando. Já Carandiru, embora muito criticado, é um filme cada vez mais atual. Mas não há como negar que o grande clássico de 2003 foi O Homem que Copiava.

E chegamos aos cinco filmes mais marcantes de dez anos atrás. Cinco filmes que não só foram bastante elogiados, mas que foram confirmando seu sucesso com o passar do tempo, ganhando cada vez mais fãs, cinéfilos e não cinéfilos.

Procurando Nemo (Finding Nemo) é, até hoje, um dos maiores sucessos da Pixar. Primeiro filme do estúdio a ganhar o Oscar de Melhor Animação, segunda indicação do estúdio a Melhor Roteiro Original, segunda maior bilheteria da história do estúdio, será o quarto a ganhar uma continuação, com Finding Dory, em 2015. Ainda em 2003, a animação foi considerada por vários prêmios e listas como um dos três melhores filmes do ano.

Unindo muita ação, comédia, piratas, efeitos visuais e Johnny Depp, Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl) marcou época, se transformou em um fenômeno, catapultou a carreira de Depp e já tem mais um capítulo programado para 2015. Um filme que diverte com inteligência e do qual é difícil encontrar alguém que não goste.

Sofia Coppola podia ter sido “apenas” a primeira mulher dos Estados Unidos a ser indicada ao Oscar de Melhor Diretor, mas mais do que isso, seu Encontros e Desencontros (Lost in Translation) virou um queridinho cult com um tema que não envelhece e muitos fãs fiéis.

Poucos filmes de língua não inglesa atraíram tanto a atenção de pessoas do mundo todo, não apenas cinéfilos, como o sul-coreano Oldboy. Com ação, vingança e um roteiro muito inteligente, a obra de Chan-wook Park surpreende até hoje, se tornando cada vez mais clássico, cada vez mais uma referência do cinema. Dez anos depois, no final deste ano, chegará aos cinemas sua versão hollywoodiana, estrelada por Josh Brolin e dirigida por Spike Lee, tentando chamar a atenção daqueles que torcem o nariz para um filme falado em coreano.

Mas não tem como colocar outro filme como o maior clássico de 2003 senão O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (The Lord of the Rings: The Returno of the King). Ele continua sendo um marco nas bilheterias, um marco no Oscar, um marco para os fãs da literatura, um marco no mundo dos efeitos visuais, além de ainda render frutos com O Hobbit. Eu mesmo demorei quase dez anos para assistir ao filme, e só o vi porque ele passou nos cinemas, como parte da divulgação do lançamento de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: Na Unexpected Journey), mas me ganhou de imediato.

Dez anos depois, nomes como O Senhor dos Anéis, Piratas do Caribe, Procurando Nemo, Oldboy e outros continuam muito vivos na cabeça dos cinéfilos e também dos grandes produtores de Hollywood. E em 2023, quais filmes atuais terão entrado para a história do cinema? Provavelmente, os grandes filmes de 2013 ainda nem estrearam. Mas, até agora, pelo menos para mim, fica a impressão de que esse não tem sido um grande ano no cinema.

Encontros & Desencontros
Encontros & Desencontros tornou-se uma obra cult