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Alex, o último camisa 10

Thiago Sievers Head de Parcerias

E lá se vai nosso último camisa 10.

Alex se aposentou ontem, na rodada derradeira do Brasileirão 2014, vestindo a camisa do time que o revelou, o Coritiba.

Foram ao todo 1034 jogos e 422 gols marcados, segundo dados se seu site oficial. Se você considerar sua posição de meio-campo, essa é uma média altíssima, de quase meio tento por partida.

Ele é o 3º maior artilheiro da posição no futebol brasileiro, perdendo apenas para Pelé e Zico.

Para você ter uma ideia, o artilheiro do Campeonato Brasileiro desse ano, Fred, não alcançou uma média de 0,5 gols por partida.

Para você ter uma ideia maior ainda, pense em outro camisa 10. Qualquer um no mundo. Zidane? 128 gols. Platini? 244. Maradona? 312.

Tem jogadores que por si só são capazes de fazer as pessoas se apaixonarem por futebol. E Alex foi um deles. Bastava vê-lo dentro de campo para entender a magia desse esporte.

Com sua classe, tranquilidade e visão de jogo, o Cabeção carregou em sua canhotinha a essência do camisa 10, o clássico, aquele que recebe a bola no meio do campo, olha para os lados e distribuí o jogo com elegância; aquele que faz lançamentos e enfiadas primorosas; aquele que os adversários temem e respeitam; aquele que é a referência; aquele que está em extinção.

Alex foi um jogador único, com personalidade e assinatura inconfundível. É o cara que sabe exatamente o que está fazendo dentro de campo.

Passou somente por 6 clubes em toda a carreira (o que hoje é um milagre) e em apenas 2 deles não se tornou ídolo: no Flamengo, onde atuou em 12 partidas, e no Parma, onde realizou 5 jogos.

No Coritiba, no Palmeiras, no Cruzeiro e no Fenerbahçe o atleta é visto como um herói, um semideus.

No time paranaense ele é o 8º maior artilheiro da história.

No Palmeiras foi o grande nome da maior conquista do clube: a Libertadores de 1999. Além disso, é o maior artilheiro do Verdão na competição e ajudou o time a faturar a Mercosul e a Copa do Brasil em 1998 e o Rio-São Paulo em 2000.

No Cruzeiro comandou o time na caminhada da histórica tríplice coroa em 2003, com aquele time espetacular que marcou geração. Lá seus números foram ainda mais incríveis: na temporada de 2003-2004 ele fez 58 gols e deu 51 assistências em 92 partidas.

E no Fenerbaçhe, onde jogou por 9 temporadas, de 2004 a 2012, Alex foi tão grandioso, mas tão grandioso, que ganhou até uma estátua. Foram 378 partidas com 185 gols e 162 assistências.

Números de gênio.

Poucos jogadores conseguem sustentar um nível tão alto por toda a carreira.

E Alex não foi apenas um meia artilheiro, mas um jogador conhecido pelos belos gols que assinou.

Chutes de fora da área, fila nos adversários, finalização de primeira, voleios, dribles desconcertantes, gol olímpico… O meia tem tudo em seu currículo.

O maior deles aconteceu em 2002, quando jogava pelo Palmeiras, contra o São Paulo. Alex recebeu na cabeça da área, chapelou um zagueiro e o goleiro Rogério Ceni e mandou a bola para o fundo da rede.

A jogada lhe rendeu uma placa no Morumbi e o título de “maior gol do mundo” por Ulisses Costa, em sua narração histórica (ao menos para quem é palmeirense). E a narração de José Silvério também não foi menos empolgante.

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O craque recebendo a placa pelo gol

Para homenageá-lo, fizemos uma seleção, no fim do texto, com alguns dos gols maravilhosos que ele registrou na história.

Mas como todo jogador (com exceção de Messi e Cristiano Ronaldo que são máquinas, e não jogadores), Alex também teve suas baixas. Em alguns jogos o craque parecia simplesmente dormir em campo. Tanto que também foi apelidado de Alexotan.

Eu diria, contudo, que isso é arte de torcedores invejosos.

A única verdadeira baixa na carreira do jogador foi não ter participado de uma Copa do Mundo. Em especial a de 2002 – mas também a de 2006.

Alex não é especial apenas dentro de campo. Fora das quatro linhas o atleta também se destacou.

Mostrando inteligência e cultura diferenciadas, o jogador sempre foi conhecido pelo seu profissionalismo e participação em assuntos políticos. Ele é um dos cabeças do Bom Senso Futebol Clube não por acaso.

Mais um craque pendura a chuteira. Particularmente, como palmeirense criado no final dos anos 90, o maior craque que acompanhei de perto.

Sempre disse isso e sempre fui zombado. Mas nunca por Cruzeirense ou Coritibanos, pois quem acompanhou Alex como torcedor sabe que ele ofereceu rara genialidade à história do futebol mundial.

Fique agora com 10 obras primas do craque.

10# Palmeiras x Corinthians (Campeonato Paulista, 2000)

9# Palmeiras x Grêmio (Campeonato Brasileiro, 1997)

8# Coritiba x Bahia (Campeonato Brasileiro, 2013)

7# Fenerbahçe x Istanbulspor (Campeonato Turco, 2004)

6# Brasil x Argentina (Pré-Olímpico, 2000)

5# Cruzeiro x Flamengo (Copa do Brasil, 2003)

4# Cruzeiro x São Caetano (Campeonato Brasileiro, 2003)

3# Cruzeiro x Fluminense (Campeonato Brasileiro, 2003)

2# Fenerbahçe x Samsunspor (Campeonato Turco)

1# Palmeiras x São Paulo (Rio-SP, 2002)