Os anos 1970 foram uma década de ruptura. O mundo vivia mudanças profundas no comportamento, na política, na música e na moda. O homem passou a experimentar mais liberdade estética, misturando referências hippies, disco, rock e alfaiataria relaxada. Esse espírito livre e contestador também chegou à perfumaria masculina, que deixou de ser apenas formal para ganhar personalidade, ousadia e emoção.
Na perfumaria, os anos 70 marcaram a transição entre o perfume clássico e o perfume de identidade. As fragrâncias ficaram mais quentes, mais sensuais e mais ligadas ao estilo de vida de quem as usava. Foi uma década que ajudou a construir o conceito de perfume como expressão pessoal, algo que se tornaria regra nos anos seguintes.
O Paco Rabanne Pour Homme, lançado em 1973, é um dos perfumes masculinos mais influentes de todos os tempos. Aromático, verde e elegante, ele ajudou a consolidar o estilo fougère moderno, com lavanda, musgo de carvalho e notas herbais bem definidas.
Seu sucesso foi tão grande que, por décadas, ele serviu como referência para inúmeros lançamentos masculinos. Era um perfume que equilibrava sofisticação e frescor, muito usado no dia a dia e associado a um homem confiante, mas acessível.
O Aramis, da Estée Lauder, lançado em 1966, teve seu auge absoluto durante os anos 70. Amadeirado, intenso e elegante, ele se tornou praticamente um uniforme olfativo do homem maduro e bem-sucedido da época.
Muito usado em ambientes profissionais, o Aramis ajudou a definir o cheiro do executivo setentista. Um detalhe interessante é que ele foi um dos primeiros perfumes masculinos a alcançar grande sucesso fora do eixo europeu, especialmente nos Estados Unidos.
O Azzaro Pour Homme, lançado em 1978, trouxe uma abordagem mais sedutora e calorosa para a perfumaria masculina. Com anis, lavanda, especiarias e uma base amadeirada envolvente, ele rapidamente se tornou um sucesso.
Representava o homem confiante, carismático e sociável, muito alinhado com o clima festivo do final da década. Seu aroma marcante atravessou gerações e segue até hoje como um dos maiores clássicos da perfumaria masculina.
O Eau Sauvage, da Dior, lançado em 1966, encontrou nos anos 70 seu público definitivo. Fresco, cítrico e sofisticado, ele foi um dos primeiros perfumes masculinos a usar hedione, molécula que trouxe leveza e luminosidade à fragrância.
Esse detalhe técnico ajudou a revolucionar a perfumaria masculina, abrindo espaço para perfumes mais arejados e elegantes. O Eau Sauvage (que não deve ser confundido com o Dior Sauvage moderno) era o cheiro do homem refinado, que valorizava simplicidade e bom gosto.
O Brut, da Fabergé, lançado em 1964, dominou os anos 70. Mais do que um perfume, ele virou um fenômeno de cultura pop, impulsionado por campanhas publicitárias massivas e preços acessíveis.
Era comum encontrar o Brut em casas, clubes esportivos e até academias. Seu aroma fougère marcante se tornou reconhecível instantaneamente, ajudando a popularizar o uso diário de perfume entre homens que antes não tinham esse hábito.
O Old Spice, da Shulton, já era conhecido desde os anos 1930, mas manteve enorme relevância durante os anos 70. Com seu perfil especiado e levemente adocicado, era associado a tradição, masculinidade e herança familiar.
Muitos homens da década usavam o mesmo perfume que seus pais, criando uma forte ligação emocional com a fragrância. Esse fator ajudou o Old Spice a se manter relevante mesmo diante de um mercado cada vez mais competitivo.
Os perfumes masculinos dos anos 1970 ajudaram a redefinir o papel da fragrância no estilo masculino. Eles trouxeram mais emoção, mais calor e mais identidade, preparando o terreno para os excessos dos anos 80 e a liberdade criativa dos anos 90.
Mesmo décadas depois, muitos desses perfumes continuam em uso, seja em suas fórmulas originais ou em versões reinterpretadas. Revisitar os anos 70 é entender o momento em que o perfume deixou de ser apenas um complemento e passou a ser parte essencial da imagem masculina.