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A arte da retórica: como fazer discursos e apresentações memoráveis

A arte da retórica: como fazer discursos e apresentações memoráveis

Você já ouviu falar sobre retórica?

Possuir a capacidade de se expressar adequadamente em público é algo importante para a vida e para a carreira de cada um de nós, pois são corriqueiras as situações em que somos levados a fazer apresentações ou a discursar.

De acordo com o célebre jornalista americano George Plimpton (1927 – 2003), fundador e editor da Paris Review, uma apresentação ou discurso contaria com quatro propósitos, que seriam:

Para cumprirmos com todos esses critérios, é preciso dominarmos a Arte Retórica – que, de acordo com Aristóteles, que reuniu todas as suas ideias relativas a este assunto em um magnífico tratado chamado Retórica, consiste em “discernir em cada caso o que este tem de próprio para criar a persuasão”.

No diálogo platônico que leva seu nome, Górgias, um sofista (professores itinerantes que, na Atenas de antigamente, exerciam o ofício de ensinar a arte de falar a uma clientela de jovens endinheirados), argumenta que caso um orador e um médico se apresentassem a uma assembleia do povo a fim de discutir sobre qual deles seria escolhido como médico, não contaria o verdadeiro médico com qualquer possibilidade de ser eleito, vindo a sê-lo o que soubesse falar bem, se assim o desejasse.

Diz Górgias:

A Retórica, por assim dizer, abrange o conjunto das artes que mantém sob sua autoridade. Numerosas vezes fui com meu irmão ou com outros médicos à casa de doentes que se recusavam a ingerir remédios ou a deixar-se cauterizar; e não conseguindo o médico persuadi-lo, eu o fazia com ajuda exclusivamente da Arte Retórica.

Está convencido da importância que a Retórica exercerá em sua vida? Suponho que sim. Nesse caso, leia atentamente os conselhos que temos a lhes oferecer, baseados em livros e em tratados antigos e contemporâneos.

COMPREENDA A IMPORTÂNCIA DAS PALAVRAS

“Palavras são acontecimentos, elas fazem coisas, alteram coisas”, afirma Ursula Le Guin em The Wave In the Mind. “Elas transformam tanto quem fala quanto quem escuta; elas promovem uma troca e uma ampliação de energias”.

Tanto quanto ações ou pensamentos, as palavras possuem poderes bastante amplos, e as consequências de frases mal-empregadas podem ser bastante desagradáveis.

Portanto, é preciso que tenha sempre em mente que as coisas que fazemos e dizemos devem exercer uma influência sempre positiva em nossas próprias vidas e nas vidas daqueles com quem convivemos. Cuide para que o conteúdo, o espírito e o intento do que diz mantenham seu valor.

AJA COM NATURALIDADE

Se há algo em que todos os oradores concordam, é o seguinte: jamais seja artificial. Faça, portanto, o que estiver ao seu alcance para conferir às suas falas, aos seus movimentos e às suas ações uma aparência de naturalidade. Mesmo quando memorizadas, as suas falas devem parecer espontâneas.

Kenneth Roman, ex-CEO da Ogilvy & Mather, colocou a questão do seguinte modo:

Os discursos e apresentações mais efetivos aparentam ser improvisados, e não ensaiados. O bom orador fará com que tudo pareça muito fácil e natural, levando a plateia a acreditar que ele simplesmente foi tomado por um surto súbito de inspiração. Esse raramente é o caso.

E como fazer com que tudo pareça fácil? Ainda nas palavras de Roman, “leia em voz alta o rascunho de seu discurso e edite-o até parecer que está falando naturalmente”.

SEJA BREVE E CLARO

Alcançamos a brevidade quando começamos a nossa narração de onde é necessário, não retomando o assunto desde a sua mais remota origem. Devemos narrar resumidamente, e não detalhadamente, e não nos afastarmos daquilo que começamos a expor.

O orador romano Cícero dizia, inclusive, que seria preferível deixar de lado não apenas o que atrapalha, mas também o que em nada ajuda, mesmo que não atrapalhe.

A clareza depende da conservação da ordem cronológica dos acontecimentos e do imenso cuidado para não discursar de modo confuso e obscuro. De acordo com George Plimpton, o discurso ideal dura aproximadamente vinte minutos. Em suas palavras:

Por falar de brevidade, é válido mencionar que o discurso inaugural mais curto foi o de George Washington, que continha meras 135 palavras. O mais longo foi de William Henry Harrison, em 1851. Seu discurso durou duas horas, e mais de nove mil palavras foram pronunciadas numa noite impiedosamente fria. No dia seguinte, foi acometido por um forte resfriado – e morreu de pneumonia dentro de um mês.

DESENVOLVA DETERMINADAS QUALIDADES

Domine os três meios de obter persuasão: raciocine logicamente, compreenda costumes e virtudes e conheça as emoções – o que são, a sua natureza, as suas causas e as maneiras de despertá-las.

Enfim, a persuasão é constituída de diversas maneiras, sendo que as mais efetivas entre elas repousam sobre o manuseio das emoções e dos sentimentos dos ouvintes e sobre a transmissão da impressão mais favorável possível do orador.

É imprescindível o correto manejo da voz no sentido de expressar as diversas emoções, coisa que envolve o timbre, a modulação e a cadência. O estilo oratório será conveniente se o orador possuir o talento para expressar as emoções e o seu caráter e se mantiver a relação estreita com o assunto, o que significa não falar vulgarmente de assuntos importantes nem falar solenemente de assuntos triviais.

Procure desenvolver as qualidades a seguir: (1) criatividade, (2) disposição, (3) elocução, (4) memória e (5) pronunciação. Cícero, em Retórica a Herênio, explica.

A criatividade consiste na descoberta de coisas verdadeiras ou verossímeis que tornem a causa provável. A disposição é a ordenação e distribuição das coisas, mostrando o que deve ser colocado em cada lugar. A elocução é a acomodação de palavras e sentenças que se adequem à invenção. A memória é a apreensão no ânimo das coisas e palavras. Pronunciação é a moderação, com encanto, de voz, semblante e gesto.

Podemos alcançar essas qualidades através de três métodos: arte, imitação e exercício. O exercício, que consiste na prática assídua e no costume de discursar, é o mais efetivo.

INVISTA NA SUA IMAGEM

Podemos ser persuasivos fazendo uso de diferentes meios. Entre eles, podemos destacar a percepção do auditório quanto ao caráter pessoal do orador.

Use as suas qualidades e os seus atrativos para criar uma imagem favorável de si mesmo, mas lembre-se que ela deve ser condizente com a sua aparência, com a sua natureza e com a sua personalidade.

Não procure atingir um ideal que jamais poderia ser o seu, mas limite-se a ter como propósito um “você mesmo” mais atraente.

Ainda acha que investir na sua imagem pessoal não é necessário? Veja, nesse texto, a história de como Kennedy triunfou sobre seu adversário, Richard Nixon, em parte devido aos seus poderes de magnetismo pessoal e a sua excelente linguagem corporal.

PRESTE ATENÇÃO NA REAÇÃO DE SEUS OUVINTES

Algumas pessoas sugerem que assumamos uma posição de superioridade e não deixemos que as reações de nossos ouvintes nos afetem. Não faça isso.

Procure prestar atenção em cada uma das pessoas, mirando-as de tempos em tempos de modo a dar-lhes a impressão de que discursa apenas para elas.

Isso é importante porque, através das impressões que transparecem nos rostos daqueles que o ouvem, você será capaz de moldar as suas ações. Se parecerem entediados, procure dizer algo capaz de entretê-los – uma inversão, uma imitação distorcida, uma zombaria, um exagero, uma ambiguidade, uma insinuação ou qualquer coisa além do esperado.

CONHEÇA TUDO SOBRE O QUE FALA

“Se suar com antecedência”, diz George Plimpton, “não o fará no palco”.

Faça pesquisas cuidadosas acerca dos assuntos que abordará. Consulte livros e artigos, e entre em contato com especialistas. Aprenda mais do que precisará. Isso fará com que se sinta confiante.

De acordo com Plimpton, uma surpresa positiva certamente o esperará se “agir de modo consciencioso, se preparar adequadamente e estiver convicto das ideias que professa”.

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