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Como evitar a compulsão pelo relacionamento ioiô

Há 20 anos ia ao ar o primeiro episódio do seriado Friends. Em ativa por 10 anos, a série contava a história de seis amigos inseparáveis que dividiam as alegrias e as tristezas da vida. Entre eles, o casal Ross e Rachel, que ficou em um dilema amoroso em todas as temporadas. Não sabiam se ficavam juntos ou se terminavam o relacionamento. Um eterno ioiô.

Após 236 episódios, a dúvida que pairava no ar era: Ross vai ficar com Rachel? O casal foi apresentado pela irmã de Ross, Monica, enquanto ela e Rachel estudavam juntas no colegial. Ele gostava dela deste esta época, mas Rachel demorou a prestar atenção em Ross.

O primeiro beijo do casal foi mais aguardado do que final de campeonato. Começava ali uma das relações ioiô que mais durou na televisão americana. Ambos tinham várias coisas em comum, além do fato de gostarem muito um do outro.

Entre as idas e vindas no namoro, eles se relacionaram com outras pessoas. Um odiava ver o outro acompanhado, mas demoraram a perceber que quando o ioiô se instala na relação e vira padrão de comportamento, as coisas só se resolvem com delimitações.

É preciso que o casal saiba até onde podem ir para a relação não virar palhaçada. Para isso, são necessários dois elementos: maturidade e autoestima.

Falar para alguém que não quer mais se relacionar é atitude de gente grande e isso vai mesmo deixar o outro livre para buscar uma relação mais satisfatória. Já a maturidade faz a gente saber o que buscar e esperar de um relacionamento amoroso. Dizem por aí que a maturidade nos chega tarde demais. Até lá, o jeito é cometer alguns erros, é inevitável.

O problema do relacionamento ioiô começa com as expectativas: não se pode esperar algo que nunca foi prometido. O famoso combinado que não sai caro. Se você prometeu, cumpra.

Expectativa e esperança podem parecer sentimentos idênticos quando pensamos no futuro, mas são completamente diferentes.

Quando se quer muito alguém e que as coisas aconteçam de certa maneira, é a expectativa que está em campo e ela vai gerar frustração. Ainda mais quando é algo que não depende somente de um, mas dos dois. Colocar a felicidade nas mãos de outra pessoa é pedir para algo dar muito errado.

A esperança, aquela que é a última que morre, pode ser algo que mantêm as partes – ou pelo menos uma delas – voltando para a relação. Esperança é achar que tudo vai se encaixar na hora certa.

E enquanto o ioiô persistir as dúvidas sempre ficarão em campo. Por que fiz isso e não aquilo? E se eu tivesse feito assim ou assado, os resultados seriam diferentes?

Depois de passar muito tempo imaginando todos os porquês da relação ter falhado, você descobre que não existe culpado. Se achar que existe, divida a culpa em 50% para cada um. Ninguém pode se responsabilizar sozinho pelos erros cometidos dentro de um relacionamento.

Tem muitas variáveis que fazem um relacionamento não ir adiante. Uma delas pode ser o fato que a pessoa não quer se comprometer com você, porque a partir do momento em que fizer isso, vai fechar a porta para todas as outras infinitas possibilidades que a vida poderia ou não trazer. E isso é um jogo ingrato, sem vencedores.

Então, o grande lance é encarar as histórias e vivê-las. É possível sim encerrar todos os ciclos e andar para frente. E isso não significa necessariamente que as histórias não funcionaram. Ross e Rachel ficaram juntos, mas se cada um fosse para o seu lado, para o bem dos dois, também consideraria um final feliz.