Como hip hop ficou pop

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Já foi o rock, a disco, o rock, o dance, o rock de novo.

E, agora, é o hip hop.

Mais ou menos nesta ordem, desde a criação da comunicação em massa, os gêneros musicais dominantes se alternaram nos maiores mercados globais de música.

Com o Daft Punk bombando, você  pode se confundir – e achar que este é o momento da música eletrônica. Mas o erro é tão grande quanto considerar que, por causa da Amy Winehouse, a década passada foi o momento do jazz.

São casos à parte.

Este é o momento do hip hop e a Billboard irá confirmar se você duvidar de mim.

(O chart da Billboard, não a revista brasileira.)

A escalada do hip hop rumo ao topo do mundo foi praticamente oposta à do rock. Vamos lembrar um pouco sobre o rock: começou, pelos anos 50, soando mais ou menos como o swing. O peso da música foi aumentando, de forma que na década de 80, nós tínhamos subgêneros como o heavy metal e o punk rock.

Com o hip hop foi diferente. Ali pelos anos 90, o rap começava a se destacar, mas era muito pesado. E já aqui vamos fazer um parêntese: rap e hip hop são, na cultura americana, sinônimos. É basicamente como se o hip hop fosse o rap moderno.

Os primeiros álbuns de rap apareceram nos EUA e no Reino Unido pelos anos 80.

O que mudou de lá para cá é que, de música de protesto, o rap passou a ser… música. Havia uma tendência já desde os anos 90 para suavizá-lo, ao menos no que diz respeito à temática.

Michael Jackson usou elementos de rap e o grupo TLC ganhou o VMA com canções de amor que já pareciam um bocado com o hip hop de hoje. O Massive Attack também tinha um movimento para este lado. Mas nada disso era de fato rap como o que o Ice T ou o Public Enemy faziam.

Com a chegada do Snoop Dogg e, posteriormente, do Eminem, o rap estava definitivamente no topo, com um tom mais bem humorado. Mas o hip hop ganha sua forma definitiva com o Black Eyed Peas. Eles não foram os primeiros, mas levaram  o hip hop a um novo patamar. Ali você tinha o melhor dos dois mundos – o MC, a cantora, a melodia, a rima, a fala, a batida.

Hoje, um artista tem que ser muito famoso (e bom) para poder negar a fórmula criada pelos Black Eyed Peas.

No mainstream, apenas o Jay-Z se atreve. E não sempre. Seu maior sucesso até hoje, Empire State of Mind, foi gravado em parceria com Alicia Keys. Todos os outros MCs dividem, regularmente, seus atos com cantoras e vice-versa.

A era do hip hop — cujos caras do momento são Pharrell Williams e Macklemore — está no apogeu. Uma hora vai decair. Mas vai demorar.

Então termine ouvindo Can’t Hold Us comigo.

Emir Ruivo

Músico, poeta e produtor musical.

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