fbpx
O craque francês Franck Ribéry é um dos

Como os jogadores islâmicos lidarão com o Ramadã na Copa?

Um dos grandes duelos para jogadores muçulmanos durante a disputa da Copa do Mundo será fora de campo. O conjunto de crenças e sistemas culturais dos indivíduos que aderem ao Islão será definitivamente confrontado a partir das oitavas do Mundial. O período da fase mata-mata do torneio coincidirá com o mês sagrado do Ramadã.

Durante o Ramadã é exigido que os muçulmanos realizem jejum do amanhecer ao anoitecer e façam orações diárias em horários pré-determinados. A data de início do mês do sagrado é definida pelo calendário islâmico, definido pelas posições da lua. A previsão para 2014 é que comece no dia 28 de junho.

“Durante o mês do Ramadã as benevolências são duplicadas, e a misericórdia desce sobre as pessoas que o praticam”, disse o sheikh Essadik El Otmani, diretor para assuntos religiosos da FAMBRAS, uma federação que tem o intuito de fortalecer e unificar as diversas entidades islâmicas do Brasil.

Estrelas do futebol mundial são muçulmanos e precisarão se adequar para cumprir os preceitos da religião. Os franceses Frank Ribéry, Karim Benzema e Hatem Ben Arfa, por exemplo, são três que necessitarão adequar seus tempos livres para rezar e fazer o que prega o Ramadã.

Além deles, o alemão Mesut Ozil, os costa-marfinenses Yaya Touré, Kolo Touré e Salomon Kalou e os bósnios Edin Dzeko, Miralem Pjanić e Emir Spahi também são adeptos da religião. Sem contar os jogadores das seleções do Irã, Argélia, Nigéria e Camarões, cujos times têm vários jogadores islâmicos.

O sheikh Essadik El Otmani explicou ainda que para muçulmanos em viagem é permitido juntar orações de horários diferentes e realizá-las de uma vez só. A grande questão, entretanto, é a seguinte: os jogadores muçulmanos podem sofrer queda de rendimento por seguir o jejum, um dos preceitos do Ramadã?

Um artigo publicado em 2012 no Journal of Sports Science, uma das principais publicações de ciência esportiva do mundo, buscou jogar luz nesta questão. Por conta do levantamento, Yacin Zerguini, membro do comitê médico da Fida, em entrevista ao site oficial da entidade máximo do futebol, explicou o estudo.

“O objetivo do estudo não foi o de ajudá-los a decidir se devem ou não jejuar”, explica. “O jejum altera o relógio biológico dos jogadores. É importante saber reorganizar o sono e lidar psicologicamente com as mudanças na alimentação e na hidratação durante o mês.”

O médico contou ainda que alguns jogadores não sentem dificuldade para praticar o jejum, e muitos têm até mesmo uma melhora no desempenho. “Esses jogadores jogam em um determinado nível e até o elevam quando atuam em jejum. A superação parte dos próprios atletas, e não do metabolismo do corpo”, disse.

Por fim, o Sheik Essadik El Otmani abre a possibilidade para a quebra do jejum para que não prejudique o desempenho do atleta. “Se o jogador achar que ele poderá ter uma queda de rendimento e que isso vai prejudicar o desempenho do trabalho dele, ele pode optar por quebrar o jejum, mas depois de terminado o trabalho, ele deve compensar o período do jejum”, finalizou.