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Compressorhead
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Compressorhead, a banda formada por robôs

Thiago Sievers Head de Parcerias

Uma banda literalmente de metal foi desenvolvida pela empresa alemã Kernschrott e Robocross: trata-se de três robôs que juntos formam o que talvez seja o power trio mais inusitado que já existiu. Os componentes são Fingers (guitarra), Bones (baixo) e Sticks (Bateria). Se faltou criatividade nos nomes, sobrou engenhosidade na produção dos músicos heavymetal.

  • Stick, o membro mais antigo, desenvolvido em 2007, tem aquilo que todo baterista sempre sonhou: 4 braços.
  • Fingers, o segundo a se juntar ao baterista em 2009, é dono do que nenhum guitarrista sequer ousou em sonhar: 78 dedos.
  • Bones, que apareceu no ano passado para formar a Compressorhead, não tem nada além de 2 braços, 10 dedos e uma incrível precisão matemática.

A banda também conta com a ajuda de Stickboy Júnior, que controla o chimbal para seu “pai”. Entre as músicas ensaiadas do grupo estão Blitzkrieg Bop (Ramones), Ace of Spades (Motorhead), TNT (AC/DC), Smells Like Teen Spirits (Nirvana) e Rock and Roll (Led Zeppelin).

A formação da Compressorhead fez surgir em minha cabeça uma velha discussão existente desde que a música ganhou formas conceituais: precisão mecânica vs erro humano. Para se formar como musicista é preciso muito estudo teórico e – mais ainda – técnico. Só assim alguém é capaz de, verdadeiramente, dominar um instrumento (salvo raríssimas exceções). Acontece que o estudo técnico bitolado de qualquer coisa tem um potencial enorme de nos transformar em algo parecido com um robô.

O treinamento sistemático traz automatismos, faz com que sejamos capazes de repetir movimentos e ideias sem termos que pensar nelas. Mas entendo que esse treinamento deva servir para auxiliar a desenvoltura com o instrumento, e não para que possamos simplesmente reproduzir determinada música sem acrescentar algo de nós mesmos nelas.

Se assim fosse, a Compressorhead estaria fadada a se tornar a maior banda da história. Ouvindo uma música do trio, percebe-se que faltam ainda alguns (muitos) ajustes para que o resultado de sua performance fique realmente atraente aos nossos ouvidos – e não apenas chamativo à nossa curiosidade.

Mas alguém duvida que os caras são capazes de, em breve, fazer com que os três robôs toquem esses clássicos perfeitamente? Contudo, se fizerem, e daí? Quem vai querer ouvir três máquinas tocarem sem erro algum Simpathy For The Devil por mais do que uma ou duas vezes? No fundo, o que importa na música (e na arte, eu diria) não é o virtuosismo, é algo além (ainda que a habilidade técnica impressione). E esse algo além provém da vida criativa: a vida orgânica.

É claro que o ideal é unir o sentimento com a habilidade. Mas se tivesse que escolher entre um e outro, escolheria o segundo. Eu, particularmente, acho que o erro, de certa forma, é um charme. O deslize faz parte de nossa natureza. Oscilar no tempo, perder uma nota, desafinar meio tom – por que isso tem que ser o fim da picada?

Essas imperfeições representam nossa espécie e lutarmos contra elas seria declarar nossa ambição em nos tornarmos algo que não somos — mas que Sticker, Fingers e Bones são. Então, reveja o vídeo acima e nos responda: é isso que você gostaria de ser?