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Bradley Cooper conversa com o El Hombre sobre “A Trapaça”

NOVA YORK – Bradley Cooper não faz segredo sobre o fato de que ele está vivendo “o” momento de sua vida. Depois de ganhar uma indicação ao Oscar do ano passado por O Lado Bom Da Vida, alcançou hoje em um lugar em sua carreira onde tem um status tanto de estrela como de símbolo sexual. Ele também é uma figura única entre os principais atores de Hollywood, já que possui um grau universitário em literatura inglesa além de ser fluente em francês. Cooper é um verdadeiro cavalheiro estudioso.

“Eu tenho muita curiosidade sobre a vida”, diz Cooper. “Não parei de ler literatura e filosofia só porque eu me tornei um ator. Eu também adoro viajar e estudar outras culturas, porque esse é o tipo de experiência que me dá uma perspectiva mais interessante sobre o mundo.”

Em seu novo filme, A Trapaça, ao ve-lo atuar somem as dúvidas de qual é o papel mais interessante de sua carreira. No longa ele é um agente do FBI neurótico que lidera uma operação policial contra os políticos corruptos. Situada nos anos 70, a história tem base na investigação federal real sobre ligações ocorridas entre membros do governo e do crime organizado. Cooper ostenta cabelos encaracolados e barba durante a execução de uma operação secreta que recruta os serviços de um casal vigarista (Christian Bale e Amy Adams), que se misturam com um político (Jeremy Renner) e uma dona de casa selvagem (Jennifer Lawrence). Este conto inusitado é dirigido por David O. Russell, que estava ansioso para se juntar novamente com as estrelas de O Lado Bom Da Vida, Cooper e Lawrence. O resultado é um dos filmes mais divertidos e mais sexy do ano. Adams e Lawrence estão deslumbrante enquanto Cooper oferece mais um desempenho digno de Oscar .

O ator, de 38 anos, passou a última parte do verão de férias em Paris com a sua nova namorada, a modelo Suki Waterhouse, e também terminou o trabalho em outro filme. Bradley, que passou um ano estudando na França, recentemente admitiu que está ansioso para trabalhar em filmes franceses algum dia. “Eu admiro muito os filmes franceses e fazer um filme em Paris seria um sonho se tornando realidade”, diz ele.

Bradley, como foi reencontrar o diretor David O. Russell no filme A Trapaça?

Eu amo o jeito que ele trabalha. David cria um ambiente muito isnspirador em seus sets. Ele gosta de deixar sua imaginação fluir para a criação do personagem e de empurra-lo para mergulhar nas coisas. Há essa sensação de caos controlado que força os atores a darem seu máximo todo o tempo. Eu amo isso.

Em A Trapaça você também está trabalhando com Jennifer Lawrence novamente. Vocês se tornaram grandes amigos?

Jennifer me surpreende cada vez que trabalhamos juntos. Ela é naturalmente talentosa como atriz e traz muito para cada papel que interpreta. Eu trabalhei com ela em três filmes até agora (NE – também co-estrelam em Serena, um filme ambientado na depressão) e nos damos muito bem. Ela é muito desinibida, sempre diz o que está em sua mente e é uma alegria estar perto de alguém assim.

Como você descreveria o desempenho dela em A Trapaça?

Ela interpreta esse personagem selvagem muito bem. Ela também é muito engraçada neste filme e é um papel diferente do que fez no passado. Eu acho que o público vai ser surpreendido mais uma vez. Ela é incrível.

David O. Russell descreve você como um ator que é capaz de transformar-se constantemente em cada papel…

Isso é muito gentil da parte dele. Todo filme que eu fiz, desde de Sem Limites, eu estive fora da minha zona de conforto – ainda mais em “Se Beber Não Case Parte III“. Todos os dias eu pensava, “Oh meu Deus, isso não é seguro.” Mas um filme como A Trapaça ou O Lugar Onde Tudo Termina te empurra para enfrentar seus próprios medos que possa vir a ter como um ator. Quando te oferecem um papel desafiador, é um daqueles momentos em que a vida diz: ” Você está pronto para andar de pé?” Como ator, você gostaria de dizer a si mesmo que tudo o que importa é trabalhar com grandes diretores e não interpretar qualquer tipo de personagem só porque você acha que vai ser bom para sua imagem ou algo assim. Então, quando você é convidado a fazer esses tipos de filmes, você se pergunta : “Ok, amigo, você tem certeza do que está dizendo? ”

Você também ajudou a financiar um projeto muito pessoal – As Palavras – que produziu e estrelou no ano passado. Como foi essa experiência?

Esse foi um projeto que eu estava esperando para realizar até que eu tivesse um nome mais forte para ajudar a fazer o filme decolar e em que eu poderia ser o protagonista. Eu também vi o meu personagem (NE – um escritor que coloca seu nome num manuscrito perdido de um outro escritor) como alguém que é falho em vários aspectos e, para mim, isso é sempre mais interessante de interpretar. É a mesma coisa com o agente do FBI que eu atuo em A Trapaça. Ele não é um cara convencional, ele está caindo aos pedaços ao mesmo tempo em que está por trás de uma grande investigação de corrupção federal. As pessoas se interessam muito mais em um cara como esse do que em alguém que só quer saber se livros. Eu cresci assistindo todos esses filmes com atores incríveis em que os personagens eram sempre falhos e complexos. Esses são os papéis em que eu me inspiro.

Você parece muito controlado nesta fase da sua vida e carreira. Mas você já teve um lado selvagem?

Eu ainda posso ter um lado selvagem, mas eu deixo ele quieto. (risos) Eu parei de beber cerca de dez anos atrás, quando percebi que estava ficando fora de controle e não era o tipo de vida que queria levar. Nessa parte da minha vida eu me sentia muito isolado e vagando ao redor sem muita confiança. Vi que eu estava arruinando a minha vida se eu continuasse nessa direção e então eu decidi que eu tinha de ficar sóbrio .

Como é que a indicação ao Oscar (de Melhor Ator em O Lado Bom Da Vida) mudou você?

Eu não penso assim. A maior diferença pode ser a maneira que eu sou percebido em Hollywood, porque a maioria das pessoas me conhecia do filme Se Beber Não Case e eu não tenho certeza se eu era muito respeitado como um ator, mesmo que esse longa tenha sido um sucesso de bilheteria. Eu também sei que ganhar um Oscar não vai mudar nada sobre mim ou como eu me percebo. O que era mais importante era fazer parte do processo e interpretar um personagem que tem um perfil diferente. Esses são os tipos de papéis que me inspiram e podem me dar o reconhecimento necessário para trabalhar com os melhores diretores e atuando em filmes mais interessantes. A principal coisa que a nomeação ao Oscar fez por mim foi me colocar no mesmo patamar de um ator excepcional como Daniel Day Lewis (que venceu o prêmio por Lincoln).

Você está feliz com sua carreira no momento?

Chegar a este ponto tem sido um processo bastante longo e eu sei quão afortunado fui. Eu só tinha que continuar a trabalhar e acreditar em mim mesmo e ver onde isso me levaria. Ainda estou impulsionado principalmente pelo desejo de crescer como ator e continuar a trabalhar com grandes atores e contar grandes histórias.

Você já declarou no passado que você gosta de ficar muito tempo sozinho. É assim ainda hoje?

Há momentos em que eu preciso ficar sozinho. Quando criança, eu era geralmente rodeado por amigos e familiares e, em seguida, na universidade eu me vi passar mais tempo lendo e pensando sozinho. Então eu passei por um período mais selvagem, em que eu festejava muito com os amigos. Mas nos últimos anos eu realmente valorizei os momentos em que eu podia fugir e ficar comigo mesmo e não precisava responder e-mails ou telefonemas. Eu tive a oportunidade de passar uma semana em Paris sozinho (NE – no início do ano) e adorava poder dormir até meio-dia, ou então andar em torno do centro de Paris e ter apenas a beleza da cidade comigo. Também gostei de explorar a capital em uma motocicleta tarde da noite até às duas ou três da manhã, quando as ruas são muito mais silenciosos.