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“Eu sempre achei a atuação uma maneira engraçada de um adulto ganhar a vida”

LOS ANGELES – Christian Bale sempre teve uma forma muito original de olhar o mundo. É conhecido como um dos atores mais intensos do business, ele não dá bola para o hype que rodeia as estrelas de Hollywood.

“Eu sempre senti que atuar é uma maneira engraçada de um homem adulto ganhar a vida”, diz Bale. “Atuar não era algo que eu sonhava em fazer quando eu era mais jovem, era um trabalho que fazia e podia ajudar a minha família e era uma situação em que minha responsabilidade era continuar trabalhando, se eu parasse eu não conseguiria viver comigo mesmo. Então, depois de um tempo eu aprendi a apreciar essa arte. Mas eu sempre tive essa relação de amor/ódio com meu emprego.”

Este tipo de admissão franca é típica de Bale. Ele não tenta suavizar as suas palavras por causa do politicamente correto. Esse tipo de autenticidade é precisamente o motivo de ele um dos melhores atores de Hollywood. Interpretar Batman na trilogia Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, lhe rendeu mais de US$ 50 milhões e transformou-o em uma das principais estrelas do ramo. Bale está feliz por ter vestido a armadura negra do Homem-Morcego e reiniciar sua carreira.

Ele está aparecendo agora em dois novos filmes. Ambos o atraíram por causa dos de seus personagens “falhos”. Em A Trapaça, Bale interpreta Irving Rosenfeld, um vigarista contratado por um agente do FBI maníaco (Bradley Cooper) para participar de uma operação policial elaborada, visando derrubar mafiosos e políticos corruptos. Baseado em um famoso esquema do governo que foi o tema da investigação na época, o filme reuniu o diretor David O. Russell com Bale (que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante com O Vencedor, em 2011).

Além disso, Bale em breve será visto em Tudo Por Justiça, em que um metalúrgico do estado americano da Pensilvânia precisa lidar com um irmão problemático (Casey Affleck) e outras questões em uma cidade pequena. Curiosamente, Tudo Por Justiça foi filmado com uma fração do orçamento de O Lado Bom Da Vida. O Diretor Scott Cooper compara sua experiência de dirigir Bale ao de dirigir um Maserati.

Falei com Bale em Los Angeles recentemente, onde ele vive com sua esposa, Sibi Blazic e sua filha de 8 anos de idade, Emmeline. Bale está atualmente filmando Exodus, em Almeria, Espanha, desempenhando o papel de Moisés em um filme bíblico dirigido por Ridley Scott.

Christian, você está conhecido pela sua intensidade em suas performances e sua abordagem diferente ao atuar. O quem move você como um ator?

É tudo sobre as emoções e aventura. Eu particularmente gosto de interpretar, eu gosto especialmente em me jogar em situações extremas. Atuar é mais interessante e mais desafiador quando você pode entrar em algumas situações perigosas, tanto mentalmente quanto fisicamente. Seja trabalhando com Werner Herzog na selva ou me sentindo eufórico porque eu perdi muito peso para um filme, algo que aconteceu com o longa O Operário. No caso, eu me testei para saber quanto eu poderia me disciplinar mentalmente para realizar o filme.

De onde vem esse sentimento de missão e de aventura?

Minha família se mudou muito quando eu era jovem e eu estava constantemente exposto a novos ambientes. Então tinha que me encaixar em qualquer cidade que eu estava.

No filme A Trapaça, você teve que passar por mais uma transformação física para interpretar o seu personagem vigarista?

Yeah. Eu ganhei peso, eu mudei minha postura de atuar, tentei curvar os ombros para que eu parecesse mais baixo do que Bradley (Cooper). O problema com isso é que eu tenho uma hérnia de disco, então era bem doloroso.

O filme é baseado em uma real operação policial do FBI dos anos 70. Que tipo de pesquisa você fez para se preparar para o filme?

Eu me encontrei com Mel (Weinberg), que é a inspiração para o cara que eu estou interpretando. Ele me contou algumas histórias incríveis e isso me deu muito material interessante e me deu as informações para que eu pudesse escolher os termos que eu usei no filme.

Foi divertido voltar para os anos 70?

É um filme realmente único e David queria trazer uma sensibilidade muito especial para ele. Você não quer fazer parte de um ambiente estéril, o set era envolvido em criatividade. Você quer uma situação em que você está se alimentando com o mundo que o diretor está tentando criar.

É verdade que você estava inicialmente preocupado com Jennifer Lawrence sendo escalada para o filme?

Ela fez um trabalho maravilhoso, ela é muito talentosa, eu estava muito preocupado com ela quando ela foi escolhida, porque o personagem nunca tinha sido escrito tão jovem. E eu sou velho o suficiente para ser o pai de Jennifer. Quer dizer, eu vou completar 40 anos no próximo ano e ela tem 22. Ele introduziu um aspecto totalmente novo para a história, então eu expressei a David e Jennifer a minha preocupação. Eu disse: “Com todo o respeito, como que vamos resolver isso? “ E ela interpretou tão bem a minha esposa no filme. Fiquei muito impressionado com ela. Foi uma ótima escolha no final.

É verdade que você estava relutante em se comprometer a fazer A Trapaça?

Eu tinha acabado de sair trabalhando em O Operário e, em seguida, trabalhava com Terence Malick em dois filmes e eu não tinha certeza se tinha a energia necessária para fazer um filme de David. Eu sabia que o filme exigiria muita preparação e eu não acho que eu tinha tempo suficiente para isso. Mas David convenceu a mim e a minha esposa (Sibi). Por fim eu acabei fazendo todos os filmes. (risos) Eu sempre estou tentando desistir de fazer filmes, porque eu me preocupo de não ser capaz de fazer o trabalho corretamente. No final, eu consigo me convencer de que estou à altura da tarefa, porque Deus sabe que eu não sei fazer qualquer outra coisa. Meus amigos vivem me lembrando deste fato.

Sua carreira teve seus altos e baixos. Você presta atenção às crítica ou bilheteria?

Eu não posso controlar quantas pessoas vão ver um filme ou o que o diretor faz com vinte takes e como ele editará o material e, ainda, como o produto final ficará. O prazer que recebo em atuar vem enquanto estou interpretando. E, embora eu realmente não preste muita atenção às críticas, eu gosto de ouvir das pessoas cara a cara o que pensam do meu trabalho e eu nunca fico ofendido se as pessoas não gostam de alguma coisa que eu fiz.