fbpx
revista playboy

O adeus da revista “Playboy” e as lições de negócios que podemos aprender com o seu declínio

Pedro Nogueira Editor-Chefe

É o fim de uma era, senhores: a revista “Playboy” anunciou, nos últimos dias, que deixará de ser publicada em papel. E não estamos falando apenas da edição brasileira, que foi fechada pela editora Abril em 2015 e, depois, voltou sob a gestão do grupo PBB Entertainment, mas só durou 10 exemplares. Agora é a vez da versão americana. A original. A matriz. A de Hugh Hefner (1926-2017).

Essa notícia da “Playboy” não chega a ser surpresa. Há muitos anos a empresa já lutava para sobreviver. Existem vários fatores que contribuíram para isso, mas provavelmente a internet é o maior de todos.

Em primeiro lugar, temos a questão da nudez. A oferta de vídeos e ensaios sensuais é praticamente ilimitada na internet. Tanto o material gratuito, quanto as opções de assinatura premium. Um case brasileiro, neste quesito, é o portal Bella da Semana, que tem ensaios com mais de 300 modelos e 45 mil fotos na plataforma. (Uma curiosidade? Durante esse isolamento social do coronavírus, o site triplicou seus acessos e as pesquisas no Google aumentaram em 1,000%, me contou um amigo que trabalha lá.)

Mas a crise da “Playboy” envolve, também, uma segunda questão importante relacionada à internet: conteúdo. Engana-se quem pensa que a “Playboy” vivia apenas de ensaios sensuais. Suas matérias eram uma referência no meio jornalístico. Até mesmo autores célebres como Ian Fleming (criador do James Bond) e Norman Mailer (que ganhou dois prêmios Pulitzer) chegaram a escrever para a revista.

(Para quem gosta do assunto, eu recomendo a leitura do livro “Histórias secretas: Os bastidores dos 40 anos de Playboy no Brasil”, à venda na Amazon. Ele explora bastante a questão do virtuosismo intelectual da revista.)

Mas como competir com os sites e canais no YouTube que oferecem um volume maior e de graça sobre lifestyle, moda e desenvolvimento pessoal? (É o caso do próprio El Hombre, assim como dos nossos amigos do “Manual do Homem Moderno”, do “Papo de Homem”, do “Moda Para Homens” e do “Macho Moda”. Nos Estados Unidos, bons exemplos são o “The Art of Manliness” e o “AskMen”.)

Para usar uma expressão famosa, essa crise de “Playboy” é a crônica de uma morte anunciada. E podemos aprender uma grande lição com seu declínio: a importância de se adaptar às mudanças. Qualquer negócio que ignora isso está fadado ao fracasso, cedo ou tarde.

Basta ver o case da revista “GQ” americana, que tem quase 5 milhões de inscritos em seu canal do YouTube e 7 milhões de acessos/mês no site. Eles continuam com uma edição impressa? Sim, inclusive aqui no Brasil. Mas, neste momento, está mais para um complemento premium das suas mídias digitais, não o contrário. Eles souberam se adaptar à era da internet. Toda empresa, seja lá qual for sua área de atuação, enfrenta a encruzilhada “update or die” em algum momento. A “GQ” optou pelo “update”. A Playboy, pelo “die”.