O Hobbit vai revolucionar o cinema?

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Podemos dizer, definitivamente, que O Hobbit foi o último grande filme ansiosamente esperado a ser lançado em 2012. Há muitos motivos para vê-lo. Exemplos? A volta de Peter Jackson e atores como Ian Mckellen, Cate Blanchett e Andy Serkis à Terra Média; os incríveis efeitos especiais tornando aquele mundo real; e, pura e simplesmente, a adaptação do clássico de JRR Tolkien.

Mas um outro motivo para assisti-lo, que inclusive tem causado muitas discussões, é o método escolhido pelo diretor: em vez de filmá-lo da forma tradicional, com 24 quadros por segundo, Jackson adotou câmeras digitais que possibilitam a captação a 48 quadros por segundo – mais próximo do que o olho humano assimila no dia-a-dia.

A escolha gerou polêmica. Muitos argumentam que O Hobbit perde sua imagem cinemática e parece mais uma imagem televisiva ou até um videogame. A TV HD opera com cerca de 30 quadros por segundo e há jogos que chegam a até 120.

Mas para entender isso vamos ao básico. O olho humano precisa de, no mínimo, 12 quadros por segundo para entender aquilo como movimento. Há anos, filmes são gravados numa taxa de 24 quadros por segundo. Por ser menor do que o que assimilamos no dia-a-dia, as transições de uma imagem para outra são menos suaves, o que passa a tal da imagem classificada como cinemática.

O argumento de Peter Jackson é que filmar com uma taxa de quadros maior, além de aumentar a nitidez da imagem e acabar com o borrão e a perda de foco que acontecem em cenas de maior movimento, acaba diminuindo as limitações dos cineastas durante a produção de um longa metragem.

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Pause um filme que estiver assistindo em uma cena de ação e você verá que a imagem perde nitidez, o que faz com que diretores tenham que alterar mais ângulos ou fazer um movimento mais lento com a câmera, na tentativa de evitar um mal estar ou perda de atenção do público.

Se por um lado a imagem ganha uma maior nitidez, por outro o realismo trazido por ela é visto por muitos como um problema, lembrando em diversos momentos o que vemos na TV ou nos videogames – ainda mais nos momentos com muitos efeitos especiais. Qualquer um acostumado a ver filmes precisará de alguns minutos para se adaptar à taxa mais alta; muitos têm dito que no começo os movimentos parecem estar acelerados.

A verdade é que, se este método for adotado pela maioria dos cineastas no futuro próximo, todas as áreas terão que se adaptar a esta nova imagem. Com a imagem mais realista e nítida, a luz, o design dos sets e maquiagem nos atores (alvo de algumas críticas também) pode parecer surreal. A alta taxa de quadros, como tem sido chamada, revolucionaria a forma de se fazer cinema, portanto.

Muitos cineastas a veem como uma evolução natural. Além do próprio Jackson, é claro, James Cameron já disse que irá utilizar esse método na gravação das sequências de Avatar e até Andy Serkis (o Gollum) dirigirá a adaptação de A Revolução dos Bichos neste formato. Outros puristas, como Quentin Tarantino, são absolutamente contra os 48 quadros por segundo, dizendo que o cinema perde sua essência.

A verdade é que uma criança que não está acostumada ao método antigo, não sentirá um impacto ao assistir algo filmado a 48 quadros por segundo e se adaptará mais facilmente, aceitando este novo formato. E, se esse for o futuro do cinema, podemos dizer que o O Hobbit foi seu precursor.

Diego Marques

Diego Marques é formado em Rádio & TV pela FAAP; fez um curso de televisão na National Film and Television School, em Londres; e estudou cinema na New York Film Academy.

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