Como ter conversas construtivas e abandonar o vício das discussões

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Se alguém te perguntar se você sabe conversar, provavelmente você vai achar que o cara está tirando com a sua cara. Que tipo de pergunta é essa? Quem não sabe conversar, afinal?

Mas, acreditem, poucos sabem. E você há de concordar comigo.

Claro que não estamos falando da simples troca de palavras, possível em qualquer situação envolvendo duas ou mais pessoas que falem a mesma língua. Não, pois a conversa, em essência, vai mais além.

Navegamos aqui no campo da troca de ideias — o que necessita condição prévia de se considerar a possibilidade de que as suas próprias ideias estejam equivocadas, porque se não for considerado isso, não haverá troca, mas imposição de ideias.

E é aí que o bicho pega. Vivemos cheios de certezas, adotando supostas verdades que nos fazem sentir seguros frente aos mais diversos assuntos da vida. E isso torna impossível a verdadeira conversa.

VOCÊ ESTÁ APRISIONADO EM SUAS VERDADES?

Você já deve ter observado duas pessoas “conversando” em pé de guerra, parecendo haver possibilidade nenhuma de algum tipo de entendimento.

Um diz uma coisa, o outro diz outra coisa, e os dois estão aprisionados em seus conceitos, permanecendo inatingíveis a algum tipo de flexibilidade que permitiria considerar o que o outro está dizendo.

Portanto, não há conversa, porque conversa supõe troca. São duas pessoas tentando atropelar a opinião alheia para que sobressaia a sua. É orgulho puro.

Sinto que se aprendêssemos a conversar mudaríamos o mundo.

LIÇÕES SOCRÁTICAS

E é impossível falar nesse assunto sem citar Sócrates, o maior de todos os filósofos. O grego estabeleceu todo o seu trabalho em cima do processo do diálogo, que ficou conhecido como método dialético.

Com isso, Sócrates procurava primeiro desarmar seus interlocutores, mostrando que eles, na verdade, nada sabiam sobre o que estavam falando. E ele fazia isso por meio de perguntas, e não argumentando com afirmativas opostas ao raciocínio.

Não travava um embate, que é o que normalmente fazemos. Depois de reduzir o conhecimento daquele com quem conversava a pó, então retomava o ponto inicial do diálogo para reconstruir o pensamento — agora de forma produtiva.

Genial. Por isso que a frase mais famosa do pensador é “só sei que nada sei”.

ABRINDO A NOSSA CABEÇA

É imperioso que a gente considere essa máxima socrática em nossas vidas. Esqueçamos de adotar verdades absolutas que engessam o progresso do nosso pensamento.

Diante de uma conversa com alguém, abramos nossa cabeça para tentar absorver aquilo que o outro está nos oferecendo. Consideremos que a forma como nós enxergamos o assunto pode mesmo estar equivocada.

Não há nada de errado nisso. Na verdade, nada mais natural do que equivocar-se.

A cultura do “não pode errar” é absolutamente nociva ao mundo e geradora de pessoas presunçosas. Não tenhamos medo de admitir nossa ignorância.

Saber conversar é habilidade indispensável do homem contemporâneo.

Thiago Sievers

Co-fundador do El Hombre, é responsável pelo canal do YouTube e pelas parcerias comerciais. Vem trabalhar todo dia de bicicleta e tem um condicionamento de atleta olímpico. É editor também do "Moda Masculina Journal".

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