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Napoleão

6 lições de vida com Napoleão Bonaparte

De acordo com o historiador Eric Hobsbawm, grande admirador de Napoleão Bonaparte, “se a economia do século XIX foi formada principalmente sob a influência da Revolução Industrial inglesa, os seus ideais políticos e ideológicos foram forjados em especial pela Revolução Francesa”.

Meu pai sempre disse que, caso houvesse uma única data para a humanidade, ela seria 14 de julho.

Este é tido como o dia oficial da Revolução Francesa – “o melhor dos tempos e o pior dos tempos”, para o romancista Charles Dickens –, pois marca a queda da Bastilha, a prisão que comportara numerosos presos políticos que sequer tiveram acesso a um julgamento.

Segundo Hobsbawm, “em tempos de revolução nada é mais poderoso do que a queda de símbolos, de maneira que a queda da Bastilha, que fez do dia 14 de julho a festa nacional francesa, ratificou a queda do despotismo“.

Ao fim da Revolução, no momento em que o radicalismo cumprira a sua função e homens implacáveis como Robespierre, Desmoulins e Saint-Just passaram a ser encarados como perigos para a nação, Napoleão Bonaparte assumiu o controle, tornando-se primeiro cônsul, depois cônsul vitalício e por fim Imperador.

Esse homem notável – a respeito de quem o poeta e diplomata René de Chateaubriand disse certa vez: “A minha admiração por Napoleão sempre foi grande e sincera, mesmo quando o ataquei com o máximo de ferocidade” – distinguiu-se não só pelas suas façanhas militares como também pelo fato de que estabeleceu um governo sólido e poderoso, lançando as bases de um código de leis que foi adotado em numerosos países e de uma administração dinâmica, inteligente e ativa.

São muitos os ensinamentos que a vida de Napoleão Bonaparte pode nos oferecer. Hoje, iremos abordar 6 deles.

1# ASCENSÃO SOCIAL

Não é à toa que Julien Sorel, o ambicioso protagonista de O Vermelho e o Negro, era um grande entusiasta do ex-Imperador da França.

Os fatos sem paralelo de sua carreira demonstraram que, em um mundo com um mínimo de mobilidade social, o esforço, a inteligência e a determinação podem alterar a sorte de uma pessoa, elevando-a de sua condição inicial.

“Os homens que se tornaram conhecidos por terem abalado o mundo de forma decisiva no passado tinham começado como reis, como Alexandre ou patrícios, como Júlio César, mas Napoleão foi o pequeno cabo que galgou o comando de um continente devido ao seu talento pessoal”, colocou Eric Hobsbawm.

Esse homem comum, que pertencia à pequena nobreza corsa, se tornou maior do que os que haviam nascido para usar coroas, “dando à ambição um nome pessoal”.

2# A ARTE DA GUERRA

“A guerra é uma arte estranha: eu lutei em sessenta batalhas importantes e não aprendi nada além do que já sabia inicialmente”, afirmou Napoleão.

A fim de dominar esta arte, é conhecido o fato de que ele entrou em contato com a maior parte dos grandes manuais europeus a respeito desta, se não com todos, e que a sua vasta experiência talvez os tenha aperfeiçoado.

Entre as ótimas frases do ex-Imperador a respeito da guerra, uma nos chama uma maior dose de atenção: “Existem apenas duas espécies de planos de batalha: os bons e os maus. Os bons falham quase sempre por conta das circunstâncias imprevistas que muitas vezes fazem com que os maus sejam bem-sucedidos”.

3# A ARTE DO GOVERNO

Segundo Chateaubriand, “os homens que levaram vidas grandiosas são compostos por duas naturezas, pois devem ser capazes tanto de inspiração quanto de ação: uma parte deles concebe o plano, a outra o executa”.

Napoleão reuniu em sua pessoa algumas das principais qualidades que podem ser vistas em um governante: inteligência, talento, caráter e valentia.

No entanto, manteve sempre um excelente senso de praticidade, declarando certa vez que “para governar, é necessário se aproveitar em especial dos vícios dos homens, e não de suas virtudes”, pois estes “são motivados por apenas dois motivos: medo e interesse“.

Da mesma maneira, seria possível declarar que ele soube tirar bom proveito da cadeia de eventos da qual participou. Em suas palavras: “Eu nunca fui estúpido o suficiente para tentar ajustar os eventos em conformidade com o meu sistema. Ao contrário, moldei meu sistema de acordo com a sucessão imprevista de eventos”.

4# VISÃO FUTURA

Meu pai costumava dizer que Napoleão estava longe de ser somente um gênio da espada, tendo sido quem “primeiro enxergou uma Europa integrada e as enormes vantagens que decorreriam disso”.

Sendo um homem à frente de seu tempo, Napoleão sonhava com os “Estados Unidos da Europa”, com uma única moeda, língua, código civil e sistema judiciário, e desprovidos de fronteiras internas.

Em outro sentido, Napoleão soube também antecipar a sua glória futura, exclamando durante o seu exílio em Santa Helena: “O meu destino é o oposto do que cabe aos demais. Outros homens são rebaixados por sua queda; a minha me eleva a alturas infinitas. Eu sobreviverei.”

5# CAPACIDADE DE QUESTIONAMENTO

Emil Ludwig, em sua biografia sobre o ex-Imperador da França, afirma que o “maior dos filhos da Revolução” tinha ideias ambíguas a respeito desta e de seu papel na história do país.

Aparentemente, Napoleão declarou certa vez a um amigo que teria sido conveniente que Rousseau, o filósofo que ajudou a semear um espírito revolucionário entre os franceses, não tivesse nascido. E, no momento em que o amigo alegou que sem o legado da obra de Rousseau o próprio Bonaparte jamais teria feito o que fez, este respondeu: “Também não está claro ainda se foi bom para a França que eu tivesse nascido”.

6# EXCESSO DE AMBIÇÃO

Quando controlada, a ambição é algo positivo e saudável que pode nos auxiliar a crescer e a fazer o nosso melhor por nós mesmos e por aqueles por quem nos importamos.

No entanto, quando esta excede as devidas proporções, acabamos correndo o risco de causar mal aos demais e de provocar a nossa própria ruína – ou, para usar uma metáfora bonapartista, a nossa própria Santa Helena.

“O seu objetivo era ser senhor do mundo, sem jamais se preocupar em conceber maneiras de preservá-lo”, disse Chateaubriand.

Em determinado momento de sua carreira, Bonaparte declarou acreditar que é “melhor não ter nascido do que viver sem glória”. Mas será mesmo?

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