A cada ano, duas ocasiões especiais no Havaí transformam o cenário cotidiano em algo quase surreal: durante o Lāhainā Noon, o Sol incide exatamente na vertical ao meio‑dia solar, e sombras desaparecem por breves momentos. Esse fenômeno, pouco conhecido fora das regiões tropicais, atrai curiosidade científica e turística.
A expressão “Lāhainā Noon” foi cunhada em 1990 pelo Bishop Museum para batizar esse instante astronômico raro. Ele ocorre quando o ponto subsolar — onde os raios solares são perpendiculares à superfície — se alinha à latitude de uma das ilhas havaianas, entre o final de maio e meados de julho.
O “Lāhainā Noon”, também chamado de “Zero Shadow Day”, acontece quando o Sol atinge o zênite — ou seja, está exatamente acima de um ponto da Terra — de modo que objetos eretos não projetam sombra. Esse instante ocorre porque o eixo da Terra se inclina cerca de 23,4°, deslocando o ponto subsolar entre os trópicos conforme a estação do ano. O Havaí, com latitudes entre aproximadamente 19° e 22° N, está dentro dessa zona onde tal fenômeno é possível.
Em 2025, o “Lāhainā Noon” no Havaí foi observado no final de maio e meados de julho, com horários específicos variando conforme a ilha e cidade. Por exemplo, em Honolulu ocorreu às 12h28 em maio e às 12h37 em julho. Outras localidades também teve seus momentos particulares:
Maio: Honolulú (12h28), Kahului (12h22–23), Līhuʻe (12h35), Hilo (12h16), Kona (12h20).
Praias com céu limpo e ambientes com objetos verticais — como postes e esculturas — garantem o efeito visual mais nítido. Um exemplo emblemático é a escultura Sky Gate, em Honolulu, obra de Isamu Noguchi. Essa estrutura geralmente projeta sombras distorcidas, mas durante o “Lāhainā Noon” forma um círculo perfeito no solo.
Esse fenômeno, limitado a alguns minutos, permite experiências visuais únicas — como postes parecendo flutuar em cenários sem sombra, lembrando gráficos de videogame.
O nome “Lāhainā” significa “sol cruel” em havaiano, em referência à intensidade e à energia dos raios solares nesse instante, dando significado cultural à experiência. Outra expressão tradicional é kau ka lā i ka lolo, que remete à tradução “o sol descansa sobre o cérebro, e a sombra se retira para dentro do corpo”, o que sugere uma conexão espiritual e uma percepção de força vital.
O fenômeno é explicado pela posição relativa entre a Terra e o Sol: à medida que a Terra orbita, a incidência solar direta atinge latitudes específicas duas vezes ao ano. Quando esses pontos coincidem com as latitudes das ilhas havaianas, as sombras simplesmente desaparecem no meio do dia.
Além do valor estético e fotográfico, o “Lāhainā Noon” oferece um pequeno experimento de física presente na vida cotidiana. Ver o mundo sem sombras, mesmo que por instantes, traz uma percepção diferente da luz, do espaço e da nossa posição no planeta.
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