Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia, aos 81 anos

Fotógrafo brasileiro faleceu em Paris, deixando legado de imagens marcantes e ativismo ambiental

  • Sebastião Salgado morreu em Paris, vítima de leucemia agravada por malária contraída em 2010.

  • Reconhecido por suas fotografias em preto e branco, retratou trabalhadores, migrantes e a natureza.

  • Fundador do Instituto Terra, dedicou-se à restauração ambiental da Mata Atlântica.

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado faleceu em 23 de maio, aos 81 anos, em Paris, onde residia desde a década de 1960. A causa da morte foi uma leucemia, agravada por uma malária contraída durante uma expedição fotográfica na Indonésia em 2010. Salgado era amplamente reconhecido por suas imagens em preto e branco que documentavam questões sociais e ambientais ao redor do mundo.

Ao longo de sua carreira, Salgado recebeu diversos prêmios internacionais e foi membro da Academia de Belas-Artes da França desde 2016. Seu trabalho influenciou gerações de fotógrafos e ativistas, consolidando-o como uma das figuras mais importantes da fotografia documental contemporânea.

Trajetória e obras marcantes

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Sebastião Salgado formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e concluiu mestrado na Universidade de São Paulo. Durante o regime militar brasileiro, exilou-se em Paris, onde iniciou sua carreira fotográfica na década de 1970. Trabalhou com agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos antes de fundar, em 1994, a Amazonas Images, ao lado de sua esposa, Lélia Wanick Salgado.

Salgado produziu séries fotográficas de grande impacto, como “Outras Américas” (1986), que retrata a vida rural na América Latina; “Trabalhadores” (1993), focada em atividades laborais tradicionais; “Êxodos” (2000), sobre migrações e deslocamentos humanos; “Gênesis” (2013), dedicada a paisagens e culturas intocadas; e “Amazônia” (2021), que documenta a floresta e seus povos indígenas. Seu estilo é caracterizado por composições em preto e branco que destacam a dignidade humana e a grandiosidade da natureza.

Além da fotografia, Salgado foi cofundador do Instituto Terra, organização dedicada à restauração ambiental da Mata Atlântica no Brasil. Desde 1998, o instituto já plantou milhões de árvores e promove programas de educação ambiental.

Reconhecimento e legado

Sebastião Salgado recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998), o W. Eugene Smith Memorial Fund (1982) e o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão (2019). Em 2014, sua vida e obra foram tema do documentário “O Sal da Terra”, dirigido por Wim Wenders e por seu filho, Juliano Ribeiro Salgado, indicado ao Oscar de Melhor Documentário.

Sua abordagem fotográfica, que combina estética e denúncia social, influenciou profundamente o fotojornalismo e a fotografia documental. Salgado acreditava na capacidade da imagem de provocar reflexão e mudança, utilizando sua arte como ferramenta de conscientização sobre questões sociais e ambientais.

Despedida e homenagens

A morte de Sebastião Salgado foi confirmada pelo Instituto Terra, que destacou sua contribuição para a arte e o meio ambiente. Líderes mundiais, como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Emmanuel Macron, prestaram homenagens, ressaltando o impacto de seu trabalho na promoção da justiça social e ambiental.

Salgado deixa sua esposa, Lélia Wanick Salgado, e dois filhos, Juliano e Rodrigo. Seu legado permanece vivo através de suas fotografias, que continuam a inspirar e sensibilizar pessoas em todo o mundo.

Curiosidades

  • Sebastião Salgado foi membro da Academia de Belas-Artes da França desde 2016, sendo o primeiro brasileiro a ocupar uma cadeira na instituição. Sua eleição reconheceu sua contribuição significativa para a fotografia e as artes visuais.

  • O projeto “Gênesis” envolveu mais de 30 viagens a regiões remotas do planeta, incluindo a Antártida, o Deserto do Saara e as florestas da Indonésia. O objetivo era capturar imagens de paisagens e culturas intocadas pela modernidade.

  • O Instituto Terra, fundado por Salgado e sua esposa, já restaurou mais de 700 hectares de Mata Atlântica. A iniciativa tornou-se um modelo de recuperação ambiental e educação ecológica no Brasil.

Redação El Hombre
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