- Na “Biblioteca Humana”, você pode conversar com uma pessoa por até 30 minutos e ouvir seus relatos.
- A iniciativa promove diálogo e combate preconceitos sociais.
- O projeto começou em Copenhague e se expandiu para outros países.
Criada na Dinamarca, a “Biblioteca Humana” é um projeto social que transforma pessoas em “livros vivos”. A proposta é simples: em vez de escolher um título em uma prateleira, o visitante pode conversar com alguém que aceita compartilhar suas experiências de vida durante um período de até 30 minutos. A iniciativa nasceu com o objetivo de promover diálogo, compreensão e reduzir preconceitos ao aproximar pessoas de diferentes realidades.
A experiência começou em Copenhague em 2000, idealizada pelo jornalista dinamarquês Ronni Abergel. Desde então, ganhou força como um movimento internacional. A ideia é oferecer aos participantes a oportunidade de ouvir relatos de indivíduos que enfrentaram ou enfrentam situações marcadas por estigmas, exclusões ou preconceitos. Os “livros vivos” podem incluir imigrantes, refugiados, pessoas em recuperação de vícios, portadores de deficiência, entre outros perfis.
Como funciona a “Biblioteca Humana”
Na prática, o visitante chega ao espaço e escolhe uma pessoa como se fosse um título de livro. Cada participante está identificado por um “título” que representa a experiência que será compartilhada. A partir desse momento, o diálogo pode acontecer livremente, sempre respeitando regras de tempo e de escuta atenta.
Os encontros duram geralmente 30 minutos e funcionam como um empréstimo temporário, no qual não se leva o livro para casa, mas sim a reflexão proporcionada pelo relato. Não há cobrança financeira pelo “empréstimo”, apenas o compromisso de respeito e escuta ativa entre os envolvidos.
A “Biblioteca Humana” segue uma lógica de neutralidade: não há julgamentos nem imposições. O objetivo é que o leitor faça perguntas, ouça e compreenda o que está sendo relatado, ampliando seu repertório de entendimento sobre diferentes realidades sociais.
Origem e expansão internacional
O conceito foi desenvolvido em 2000 durante um festival de música em Copenhague, quando Ronni Abergel e seu irmão decidiram criar um espaço de diálogo como resposta à violência e aos preconceitos observados em seu país. A proposta ganhou visibilidade rapidamente e se tornou um modelo replicado em outros contextos culturais.
Hoje, a “Biblioteca Humana” está presente em dezenas de países, em escolas, empresas, bibliotecas tradicionais e eventos públicos. Apesar da expansão, a Dinamarca continua sendo referência e sede do projeto, abrigando a organização oficial que coordena as atividades e fornece suporte para novos grupos interessados em implementar a ideia.
O reconhecimento internacional reforçou o impacto da iniciativa como ferramenta de educação social. Instituições em diferentes regiões do mundo utilizam o formato como recurso de sensibilização, principalmente em treinamentos de diversidade e inclusão.
A experiência na Dinamarca
Na Dinamarca, a “Biblioteca Humana” se consolidou como parte da cena cultural do país. Eventos são organizados regularmente em bibliotecas públicas, universidades e espaços comunitários. A escolha dos “livros vivos” é feita por meio de um processo seletivo que assegura diversidade de histórias e experiências.
Os dinamarqueses enxergam a proposta como uma extensão da tradição literária e cultural do país, mas com uma abordagem prática e humana. Ao invés de páginas impressas, a narrativa é construída pela voz do próprio protagonista. Isso transforma a experiência em um momento único, marcado pela interação direta e pessoal.
Além disso, a iniciativa se mantém fiel ao objetivo original: reduzir preconceitos. Em um ambiente de respeito mútuo, visitantes podem conversar com pessoas de origens distintas, ouvir trajetórias de superação e compreender pontos de vista que, muitas vezes, não fazem parte de seu círculo social.