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Profissão poker #2: os profissionais dos bastidores

Pedro Nogueira Editor-Chefe

— ESTE POST É PARTE DA SÉRIE ESPECIAL “PROFISSÃO POKER” QUE O EL HOMBRE ESTÁ FAZENDO. LEIA AQUI AS PARTES 1, 34 e 5. —

Quando falamos em “viver de poker”, a imagem que vem à nossa mente são os jogadores profissionais. E isso é compreensivo. Afinal, são eles que aparecem constantemente nos holofotes. Mas o poker movimenta uma indústria bem mais ampla do que podemos imaginar, que gera uma infinidade de empregos diretos e indiretos. Hoje vamos falar sobre esses profissionais dos bastidores. Talvez você nunca tenha se dado conta. Mas se não fosse por eles, toda a estrutura que o poker oferece — torneios, cursos, etc — iria desmoronar do dia para a noite.

Aqui no Akkari Team, quem mantém a casa em ordem são Piero Queiroz e Rogério Pitta. Ambos entraram para o mundo do poker com o plano de jogar profissionalmente — e acabaram mudando de setor pelas circunstâncias. Como alguém que é contratado por uma empresa para área de marketing, mas acaba se encontrando na administração, por exemplo.

Piero, 35 anos, participou do processo seletivo do Akkari Team em 2012. Formado em economia, ele trabalhava na auditoria de lucros ocultos de grandes redes de varejo e via o poker como um hobbie. Quando foi aprovado para o time, no entanto, decidiu dar uma chance mais séria ao jogo. Mas depois de 3 meses na ativa, concluiu que aquela vida não era para ele. “Achei muito pesado, às vezes eram mais de 12 horas de jogo por dia com 5 minutos de break”, conta. “Eu estava noivo [agora casou e tem uma filha] e aquilo mexeu demais com a minha vida pessoal.”

Mas quando ele foi conversar com Akkari para pedir as contas, pintou uma nova oportunidade. Akkari estava com o plano ambicioso de montar um QG no interior de São Paulo, onde viveriam juntos os profissionais da sua equipe. Além disso, a ideia era realizar um curso intensivo todo mês, para 30 alunos, nesse mesmo local.

Akkari convidou Piero para participar do projeto. Ele aceitou. Foram 3 meses de preparação num sítio em Cabreúva para comportar essa estrutura — e seu trabalho foi tão bem-sucedido que acabou virando sócio de Akkari.

“A rotina ficou mais suave com a mudança”, diz. “Acertei na escolha. Foi a melhor coisa que fiz na vida.” Hoje ele continua jogando, mas novamente como hobbie. Seu foco agora está em organizar o curso, uma tarefa que envolve cuidar da área comercial, financeira, transporte dos alunos e muito mais. “O curso termina no domingo e, na segunda, já começamos a planejar o seguinte”, diz.

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Pitta, 38 anos, também vive essa rotina. Ele entrou no Akkari Team em 2013 por meio de uma seletiva que começou com 3,5 mil pessoas para 10 vagas. Pitta, que anteriormente já havia trabalhado como dealer, foi aprovado e, assim, se mudou para o QG de Cabreúva para jogar poker online profissionalmente.

Mas quando chegou lá, a sua experiência com hotelaria — ele é formado em Hotelaria & Coquetelaria Internacional e trabalhou por 12 anos na área de montagem de casas noturnas — acabou o levando a participar ativamente na administração do sítio e do curso. Uma tarefa que, diga-se de passagem, era altamente complexa: estamos falando de uma casa em que viviam 15 jogadores profissionais. Imagine cuidar da alimentação e hospedagem de tanta gente? Isso sem contar os alunos do curso mensal.

O QG acabou sendo fechado, pois com a demanda cada vez maior de alunos, foi preciso procurar um hotel mais estruturado para comportar os cursos. Neste momento Pitta decidiu que, em vez de jogar, assumiria de vez o papel nos bastidores.

Hoje ele vive em Ribeirão com sua esposa e 2 filhos. Quando não está trabalhando no curso, faz coach para os jogadores da sua cidade, ajuda na coordenação da escola online CT Super Poker — e continua, paralelamente, cravando bons resultados no pano. Pitta já foi campeão do Main Event e da etapa de Omaha no Ribeirão Poker Tour, além de ganhar vários outros eventos no interior de São Paulo e online no PokerStars.

“Você precisa ter paixão pelo esporte”, diz Pitta. “Se não tiver, não consegue sobreviver nesse meio. Nada me deu tanto prazer de trabalhar na vida como o poker. Isso sem contar a boa oportunidade financeira. A demanda é boa. O backdoor do poker tem muito campo para ser explorado. Dealer, diretor de torneio, imprensa…”

No amplo mundo do poker, o que não faltam são oportunidades de unir o amor ao jogo a uma carreira que não envolve, necessariamente, um lugar à mesa. Se o seu sonho é viver do poker, lembre-se disso. Talvez não valha a pena deixar de lado um talento que você já tem — como o de Pitta na hotelaria e o de Piero na administração — para jogar profissionalmente. Abra os olhos para as imensas possibilidades que os bastidores oferecem.