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Eles contrataram um embaixador de peso

O WeChat quer acabar com o WhatsApp

Pedro Cohn Diretor de Negócios

O concorrente chinês do WhatsApp quer dominar o seu smartphone. Em janeiro deste ano, o WeChat já contava com mais de 300 milhões de usuários, contra 250 milhões do WhatsApp. Talvez você nunca tenha ouvido falar dele antes de ler deste texto, mas saiba que o aplicativo é gigantesco na Ásia. E, agora, ele quer dominar o resto do mundo. Quem assiste TV já deve ter visto um comercial do WeChat com o Messi como garoto propaganda. Ou seja, eles estão investindo pesado para atingir este objetivo.

Na verdade, não podemos compará-lo somente com o WhatsApp, já que ele é mais um mistura de Facebook, Skype e Tinder. Explicarei. Sua função principal é, sim, a troca de mensagens. Mas o aplicativo vai muito além disso. Com ele podemos fazer videoconferências, compartilhar fotos, trocar mensagens de voz, ver pessoas que usam o app nas proximidades e, com um chacoalhar do aparelho, procurar no mundo pessoas que estão fazendo o mesmo e conversar com elas. Há ainda a função moments, que serve para postarmos fotos como no Instagram.

Depois de saber tudo o que ele podia fazer, resolvi testá-lo. Entrei no Facebook para procurar alguém que pudesse me ajudar nisso. O escolhido foi um amigo meu que costumo jogar Battlefield 3, o Luiz Fernando, vulgo “Bixo_de_Pau”. Ele baixou rápido o app e logo apareceu em minha sugestão de amigos. Primeiro testamos as mensagens. Apesar de ser bem parecido com o WhatsApp, faltou o já tão familiar double check. Ele não avisa se a mensagem foi enviada; você simplesmente torce para que sim.

No meio dessa conversa, o Bixo me mandou uma mensagem de voz, que funcionou muito bem. Mas nunca utilizei essa função no WhatsApp e não pretendo usá-la no WeChat. Mas há algumas pessoas que se interessam por isso, e é bom saber que funciona. Também podemos usar um tipo de push-to-talk, algo como um walkie-talkie.

Quando testei a vídeo conferência, foi um desastre. Eu estava usando a rede Wi-Fi da redação e o Bixo estava no 3G. Foi um pesadelo: delay no áudio, imagem de péssima qualidade e travada. Depois de um minuto a conversa caiu. Contudo, dependendo da sua conexão, pode melhorar um pouco, mas não muito. Me despedi do Bixo e fui ver as outras funções. A que eu estava mais curioso era o shake.

Como o nome já diz, ao chacoalhar o aparelho ele te conecta com alguém que está fazendo o mesmo em qualquer lugar do mundo. Depois de algumas tentativas consegui conversar com Lory Verderio, um italiano que não falava inglês. Tentamos trocar alguma frases, sem sucesso. Mas funcionou como anunciado. Me lembrou o ChatRoulette, mas essa é uma versão sem homens mostrando seus pacotes, graças a Deus.

Meu último teste foi ver as pessoas que estão perto de mim e que estão usando o app. Logo apareceu uma lista mostrando a distância em que elas estavam da minha pessoa. Como a mensagem de voz, não sei se usaria isso algum dia. Só espero que isso não se torne uma chatice, com pessoas que eu não conheço me chamando para conversar o tempo inteiro.

Apesar de possuir tantas funções, julgo que não vale a pena trocá-lo pelo WhatsApp por uma simples razão: a base de usuários. Aqui no Brasil, praticamente todo dono de smartphone possui WhatsApp, contra pouquíssimos do WeChat. E quando não se tem amigos numa rede social, ela simplesmente não vale a pena

Não podemos esquecer, porém, que um dia o Orkut e o Facebook viveram a mesma situação no Brasil. E o que aconteceu, você já sabe. Quem sabe a história não se repete? Só peço a meus amigos que, se este dia chegar, me mandem uma mensagem pelo WhatsApp avisando. Estarei esperando lá, no conforto de um aplicativo ao qual já estou acostumado.