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Quem são os autores do viral The Fox?

Thiago Sievers Head de Parcerias

Na semana passada foi ao ar no YouTube um clipe musical chamado The Fox, da dupla norueguesa Ylvis. Em pouco mais de uma semana o vídeo alcançou mais de 20 milhões de visualizações no site. Isso chamou a atenção de nosso estimado Tadeu, o programador, que em poucos segundos reuniu a redação para assistir ao trabalho dos caras. Até então não sabíamos bulhufas sobre o Ylvis. Apertado o play, a opinião de todos aos primeiros segundos de gravação foi unânime: não poderia haver algo pior na internet. Até mesmo Carioca Girl superava o que assistíamos. Aquilo chegava a ser ofensivo de tão ruim que era artisticamente.

Mas isso durou apenas até alguém deixar de ser burro e notar que tratava-se de uma sátira. É incrível como um simples detalhe muda todo o jogo. E então as opiniões continuaram unânimes: aquele era um dos melhores vídeos do ano. Bard, de 31 anos, e Vegard Ylvisaker, 34, são dois irmãos noruegueses que despontaram profissionalmente há 13 anos. Portanto, eles não são uma novidade. Pelo contrário, em algumas partes do mundo eles são famosos. Vários de seus vídeos já superaram 1 milhão de views. Mas no Brasil, até hoje, eles são pouco conhecidos.

Os dois surgiram no meio artístico apresentando um show com o nome traduzido de “Ylvis – Um Cabaré”. Esse show acontecia num formato conhecido como cabaret-style performance, que é uma apresentação que mistura música, drama, comédia, declamação, dança e outras expressões artísticas. Foi nessa peça que eles escreveram sua primeira música, Rumor Says, que tira um sarro das boy band’s. No ano seguinte, em 2001, a dupla passou a aparecer em programas de TV, o que viria a ser um dos grande focos artístico deles. Aos poucos o Ylvis foi ganhando grande notoriedade em seu país de origem e passou a apresentar outros shows no mesmo estilo do primeiro. O mais famoso deles é o “Ylvis III”, lançado em 2007.

Mas o vídeo The Fox tem potencial para fazer a dupla alçar voos bem mais altos. Se eles tinham intenção de estourar com o clipe? Muito pelo contrário. Seguem palavras de Bard: “Essa música foi feita para um programa de TV e tinha a intenção de entreter alguns noruegueses por três minutos, apenas isso. Foi produzido alguns dias atrás e recentemente teve uma seletiva no escritório. Cerca de 10 pessoas assistiram e ninguém riu.”

Uh, como assim?

O grande inconveniente do universo Ylvis para nós é que muitos de seus vídeos estão na língua natal dos irmão, o que faz com que fiquemos com cara de pateta ao tentar assisti-los. Por conta disso, ficamos limitados aos seus clipes produzidos em inglês. Mas eu me pergunto sinceramente: precisaríamos de mais?

Todo o meu conhecimento de Ylvis está, basicamente, nos seis vídeos musicais que encontrei em inglês no YouTube. Mas isso é suficiente para perceber a genialidade humorística deles. Aliado a uma produção técnica e artística muito bem trabalhada, Bard e Vegard tiram onda dos mais diversos assunto nos mais variados estilos musicais. Eles são como se fossem os Mamonas Assassinas noruegueses na era dos vídeos. Além de toda a sacada com as piadas, a qualidade musical dos irmãos surpreende. Eles são capaz de produzir músicas do rap ao pop, passando pelo estilo Les Miserables, com precisão impressionante. Quem não admirava a possibilidade de Dinho e companhia conseguirem compor baião, música brega, heavy-metal, rock, pagode (muitas vezes numa mesma canção) de forma incontestavelmente decente? A situação é semelhante com os Ylvisaker.

É difícil explicar o humor da dupla. É uma ironia que corre o risco de parecer tola se descrita por meras palavras através de um texto pretensioso. Mas é isso que eu vou fazer. Peguemos a música Stonehenge. É uma composição dramática que inicia com uma reflexão existencial: “Eu sou tão bem sucedido, tenho tudo o que um homem pode precisar, tenho um corte de cabelo de mil dólares e até um programa de TV. Eu sei que deveria estar feliz, mas há uma questão que não consigo tirar de minha cabeça…” Até aqui ok, poderia ser uma canção surgida do casamento musical de – sei lá – Barry Manilow com John Lennon, em que estaríamos esperando a próxima estrofe para ganhar uma grande reflexão para a noite solitária. Mas eis então que vem o refrão: “Qual o sentido do Stonehenge?”

Stonehenge, para quem não sabe, é um monumento antiquíssimo localizado no interior da Inglaterra. A obra é foco de interesse de muitos historiadores, mas dificilmente seria assunto existencial de algum compositor. Na parte final da canção os caras ainda fazem um arranjo genial de perguntas e respostas entre a voz principal e os backing vocals.

“Eu daria tudo para saber…”

“Sobre o Stonhehenge.”

“Eu daria tudo o que tivesse que dar.”

“Você daria o seu carro?”

“Você tá brincando? É claro que eu daria meu carro.”

“Que carro você tem?”

“Tenho um Civic, tenho um Civic, tenho um Civic.”

“Um carro em que você pode confiar.”

“Esqueça o carro, vamos falar das pedras.”

“Que pedras são essas mesmo?”

“É a Stonehenge, o maior monumento de todos!”

Se pareceu tolo, sugiro que assista aos vídeos. Certamente você irá perdoar minha vontade descontrolada de tentar comunicar a ironia genial dos irmãos. No mais, para jogar seguro, só tenho uma coisa a dizer – ou lamentar: faltam Ylvisakers no Brasil.