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Nossa equipe esteve mais uma vez com o pessoal da Reb Bull Racimg

Como funciona o box de uma equipe de corrida

Thiago Sievers Head de Parcerias

Senhores, no dia 3 de março desse ano o El Hombre esteve em Interlagos com Felipe Piccoli para conferir a etapa de abertura da temporada 2013 da Stock Car no box da equipe até então campeã da modalidade, a Red Bull Racing. E nesse domingo, dia 15 de dezembro, o El Hombre voltou aos bastidores da Stock Car, no mesmíssimo box da Red Bull, comigo e Felipe Lex para a etapa final da temporada.

Assim como Piccoli, fomos experienciar a vivência nos bastidores de uma equipe campeã que conta com o maior piloto da categoria na atualidade. É verdade que a realidade era um pouco diferente. Cacá chegou à Corrida do Milhão (sim, quem ganhasse a etapa de domingo faturaria um milhãozinho) na quarta posição na classificação geral e dependia de uma combinação de resultados bem generosa para faturar o campeonato (assim como fez no ano passado) pela sexta vez. Já Daniel Serra, que compõe com Cacá a dupla da Red Bull, estava na segunda posição antes da corrida e tinha melhor perspectiva para alcançar o topo da tabela e ficar com o título.

Não temos uma postura profissional tão exemplar quanto a de Piccoli e chegamos em cima da hora no box da Red Bull. Quando adentramos o QG os pilotos já estavam em seus carros no grid de largada e a equipe de engenheiros estava à postos para o trabalho.

A impressão que eu tinha dos boxes de corrida era um pouco diferente do que presenciei, pois imaginava algo maior do que realmente é. O espaço é dividido com dois biombos (um que guarda os equipamentos de corrida e outro que serve de área exclusiva para os diretores da equipe e para “quem pode”) separados por um corredor que dá acesso à frente dos boxes. Por ali existe uma corda que separa os convidados (sim, há convidados, como nós) dos engenheiros e três televisões dispostas estrategicamente que é por onde todos acompanham a corrida.

Mas os engenheiros estão sempre transitando por todo o espaço: “Às vezes, no calor da corrida, eles podem ser um pouco indelicado se você ficar no caminho”, me contou uma pessoa que estava por lá. Então encontrei um lugar bem discreto e fiquei por ali apenas registrando os momentos com minha câmera (mal sabia eu da recomendação feita por um engenheiro à Piccoli de não tirar fotos durante a corrida).

Assim que o narrador anunciou a largada (existe uma pessoa que fica comentando na caixa de som para Interlagos inteiro o pré, o durante e o pós da corrida) nada mais se podia ouvir além dos roncos altíssimos dos motores. De onde estávamos não se via absolutamente nada da corrida se não fosse pela tv. Então, antes da coisa pegar fogo, decidimos dar uma saída para assistir os carros darem umas voltas com uma visão mais privilegiada.

Não poderia haver decisão mais infeliz. Logo no início Daniel Serra teve problemas com o câmbio e perdeu o controle do carro. Quando soubemos do ocorrido estávamos longe do box da Red Bull – voltamos correndo. No caminho nos deparamos com o Galvão Bueno que saiu de uma sala e caminhou na mesma direção que nós. “Ele tá indo para lá com certeza”, comentei com o Lex. O Galvão não parecia nada feliz, meio preocupado. Entramos no box da Red Bull atrás dele.

Ao chegar dopei com Daniel no corredor com aspecto totalmente frustrado. Ele não dizia nada: andava pelo box, entrava na “salinha vip”, saia, caminhava para lá e para cá. Seu carro já estava acomodado no meio do box, ocupado um bom espaço do apertado lugar. Nem ousei conversar com o piloto nesse momento delicado. Todos pareciam estar decepcionados com o ocorrido. Daniel era uma das esperanças da equipe, com reais possibilidades de conquistar o título. Fiquei na minha, não falei com ninguém que estava trabalhando.

Mas a outra esperança da Red Bull ainda estava na pista: Cacá Bueno.

Durante todo o tempo Cacá ficou atrás de seus concorrentes diretos: Thiago Camilo e Ricardo Maurício. Thiago, o primeiro na classificação geral, estava dominando a corrida. Tudo parecia bem encaminhado: título (inédito) e um milhão para Camilo. A tv mostrava a todo momento a aflição de uma moça acompanhando a trajetória de Thiago na corrida. Certamente era alguma familiar.

Mas, você sabe, esporte é assim, imprevisível. Faltando cinco minutos para a corrida terminar (na Stock Car a corrida termina após 50 minutos e mais uma volta) o câmbio do carro de Thiago (assim como aconteceu com Daniel) quebrou. Tragédia. O piloto viu seu principais concorrente passarem à sua frente. Era o adeus definitivo de Camilo ao sonho do título e do milhão. No box, todos suspiravam acometidos pela surpresa.

Nessa altura, quem brigava pela primeira posição era Ricardo Maurício, Ricardo Zonta e Allam Khodair. Cacá Bueno estava em quinto, se não me engano, mas bastante distante dos primeiros colocados. Por isso, o clima no box da Red Bull era morno, um tanto sem esperanças. Mas por pouco tempo. Cacá desceu o pé no acelerador e em pucos minutos já havia colado nos primeiros colocados. Num piscar de olhos, o até então atual campeão da Stock Car pulou de quinto para a terceira posição.

Nesse momento o box explodiu. Todos vibraram, bateram no capô do carro de Daniel Serra. Contudo, havia apenas mais duas voltas. Cacá beijava a traseira do carro de Ricardo Maurício que beijava a traseira do carro de Ricardo Zonta. Fora essa disputa emocionante pela primeira posição (e R$1.000.000), com a segunda colocação de Ricardo M. e a sexta de Thiago C., Ricardo ficava com o título por uma diferença de apenas 3 pontos. Incrível. Bastava que Cacá ultrapassasse o piloto da Eurofarma para que Thiago voltasse com o título para casa. Mas isso não aconteceu (somente porque não havia mais 3 ou 4 voltas, pois Cacá estava atropelando no final) e Ricardo Maurício ganhou a temporada de 2013 da Stock Car. Zonta foi o vencedor dessa etapa e faturou a desejada verba.

Assim que Ricardo cruzou a linha de chegada ouvimos a comemoração do box ao lado (que era justamente da equipe Eurofarma de Ricardo Mauríxio e Max Wilson) com gritos e uma fumaça branca despejada por extintores que tomou o ambiente por alguns minutos. Por parte da Red Bull, os engenheiros aplaudiram a avançada final de Cacá se mostrando satisfeitos com a reação do piloto, ainda que tardia. Mas certamente a comemoração dos engenheiros passou muito distante da presenciada por Piccoli no começo da temporada, quando Cacá ganhou a corrida nesse mesmo percurso. Infelizmente não demos a mesma sorte para equipe que nosso parceiro deu.

Ainda saímos à pista para registrar a comemoração do título e a chegada dos pilotos aos boxes. Nesse momento ficou tudo uma muvuca e mal conseguimos tirar foto do pódio. A corrida havia terminado e a nossa vivência nos bastidores de uma das maiores equipes (se não a maior) da Stock Car também. No entanto, Lex ainda tinha uma “volta rápida” marcada para fazer. Sim, ele entrou num carro de Stock Car (da própria Red Bull) e deu uma volta com o piloto de teste da equipe. Mas essa experiência ele vem contar para vocês em breve. Da minha parte, só posso dizer que ainda não superei a derrota no par ou ímpar que decidiu que ele faria a “volta rápida” e não eu.