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Aprenda a se aconselhar tão bem quanto aconselha os outros

Thiago Sievers Head de Parcerias

O ditado popular é muito claro: “Em casa de ferreiro o espeto é de pau”. A frase nos servirá muito bem, só que hoje não falaremos de família, mas de nós para conosco mesmo.

Certamente você já passou pela situação de ter de ouvir um desabafo de um amigo, de uma amiga, da irmã, mãe, namorada… Enfim, já deu uma de psicólogo algum dia (ainda que não quisesse).

E é possível que nesse momento as resoluções para o quadro que a pessoa apresentou surgissem muito claras em sua cabeça. Tão claras que você pode ter pensado: “Cara, você é burro ou o quê?”

Contudo, quando você passou por situação semelhante não tinha a menos ideia de como se comportar. O cenário passou a ser muito mais confuso do que quando você era um mero observador dos fatos.

Mas que raios, por que é tão fácil aconselhar os outros e tão difícil nos orientar adequadamente? Essa realidade também é chamada de “Paradoxo de Salomão”, em menção ao rei de Israel, que era conhecido por sua sabedoria, mas que tinha dificuldades para solucionar os próprios problemas.

Então se você já passou por essa encrenca e gostaria muito de achar uma solução, fique feliz, pois dois pesquisadores americanos têm ótimas dicas.

Ethan Kross e Igor Grossmann realizaram uma pesquisa na Universidade de Waterloo em que faziam os participantes darem solução a problemas imaginários seus e de seus amigos. Eles deveriam se ver na situação em primeira pessoa e em terceira pessoa.

Os resultados mostraram que as pessoas são mais sábias quando têm em mãos um problema alheio. Surpresa? Nenhuma.

Sabemos que quando nos envolvemos num quadro que necessita solução, quase sempre somos tomados emocionalmente por ele. As nossas paixões tornam nosso raciocínio menos eficiente. A gente deixa de pensar somente com a lógica racional e envolvemos os sentimentos no meio das considerações. Coisa que acontece com muito menos intensidade quando olhamos para os problemas de outrem. Sem falar quando nem nos envolvemos emocionalmente com as buchas dos outros.

Mas qual a solução para essa realidade? Muito simples: distanciamento. É isso o que Kross e Grossmann sugerem.

Portanto, quando você estiver passando por um problema, deixe de encará-lo em primeira pessoa. Olhe para o cenário como se não fosse você ali, mas um amigo. Se torne apenas um observador dos fatos e não mais um protagonista.

Esse distanciamento vai fazer com que você observe as coisas com mais clareza, mais lógica, sem se deixar envolver com os sentimentos que deturpam nosso raciocínio.

“Quando as pessoas se distanciam, são capazes de raciocinar melhor sobre seus próprios problemas como também sobre os problemas dos outros”, diz Kross. Para fazer esse distanciamento, os psicólogos sugerem que em vez de usar nossos próprios nomes ao pensar na situação, usemos outro pronome que não seja em primeira pessoa, como “você”, por exemplo. Ou seja, em vez de dizer “Por que estou me sentido assim?”, diga “Por que você está se sentindo assim?”.

De acordo com o próprio Ethan Kross, essa estratégia de pensar e falar consigo como se fosse outra pessoa te torna menos envergonhado, menos preocupado, menos nervoso, mais persuasivo e mais confiante. É tudo o que queremos, não?

Só não vá sair falando sozinho em voz alta no meio da rua ou passar horas conversando com sua imagem na frente do espelho, porque aí você pode ganhar mais problemas do que solucionar.