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Evite discussões desnecessárias e construa relacionamentos mais saudáveis

Uma coisa é fato: mesmo em relacionamentos promissores, discussões eventuais tendem a ser um fenômeno bastante comum.

E, em determinadas circunstâncias e dentro de certos limites, as discussões e desavenças podem ser importantes e render frutos positivos, fazendo com que reflitamos tanto sobre nós mesmos quanto sobre as nossas expectativas, os nossos temores e os papéis que exercemos dentro do relacionamento.

Mas, quando acontecem com demasiada frequência, e especialmente quando um ou mais parceiros ultrapassam os limites do respeito e da consideração mútuos, então um conflito dará origem a uma atmosfera de tensão constante que costuma terminar em um término, em um desequilíbrio de poder ou no estabelecimento de uma dinâmica de altos e baixos, marcada por brigas catastróficas e reconciliações passionais. E nós nem precisamos dizer que isso se mostra tóxico à longo prazo.

POR QUE ESSAS DISCUSSÕES ACONTECEM?

Antes de mais nada, façamos a seguinte pergunta: por que relações íntimas e românticas costumam ser tão propensas a exageros de cunho emocional?

Você já notou que são as pessoas a quem mais amamos que têm a capacidade de causar-nos a maior dose de dor ou mesmo de ódio?

Alguns diriam que isso é porque o amor e o ódio são duas faces da mesma moeda, mas a psicóloga Lisa Firestone, autora do livro Conquer Your Critical Inner Voice (Domine Sua Voz Crítica Interior), afirma que esse fenômeno ocorre porque as relações que envolvem maior dose de intimidade são as mais propensas a despertar os nossos maiores gatilhos, sendo que estes dizem respeito a padrões, a medos e a expectativas que adquirimos ainda na infância e que continuaram a ser moldados ao longo dos anos.

Para Firestone, quanto mais próximo um relacionamento, mais propensos estamos a nos sentir afetados por um tom de voz, uma palavra a mais ou a menos, uma expressão facial diferente. Nós lemos nas entrelinhas, e atribuímos significados ocultos às atitudes, falas e expressões de nossos parceiros. Desse modo, relacionamentos que começaram alegres e promissores tornam-se um ninho de projeções e de provocações que distanciam ambos os parceiros um do outro e de seus sentimentos românticos iniciais.

Com frequência, acreditamos que cabe aos nossos parceiros realizar qualquer mudança, quando na verdade o ideal é empregarmos uma comunicação efetiva e mútua com quem amamos, ao mesmo tempo em que mantemos um diálogo com o nosso próprio passado, com as nossas próprias experiências e com a nossa própria essência.

E como fazer isso? Podemos começar com esses passos muito simples.

1# COMPREENDENDO OS NOSSOS GATILHOS

No momento em que as coisas esquentam, cada palavra pronunciada em meio a discussões pode abrir um caminho doloroso e complexo para o passado de cada um dos membros do casal.

E, ainda que essa interação pareça estar acontecendo no aqui e agora, “todas as reações, a linguagem e as emoções que são manifestadas em um conflito estão enraizadas em duas histórias inteiramente separadas e em duas experiências únicas”, segundo Firestone.

Os nossos gatilhos estão enraizados em nossa história e em nossas experiências únicas e particulares, e para trilharmos um caminho mais saudável é imprescindível que façamos o nosso melhor para reconhecê-los.

Isso parece óbvio, mas é comum que não entendamos exatamente o que fez com que nos sentíssemos tão frustrados em uma interação com nossos parceiros.

Por isso, ao restaurar a sua calma, é importante que faça a si mesmo a seguinte pergunta: “Por que me sinto incomodado sempre que a minha parceira faz determinada coisa, ou fala determinada coisa? Quais atitudes, palavras, expressões faciais e tons de voz me desconcertam?”

O autoconhecimento é sempre o primeiro passo, e compreender os seus gatilhos fará com que consiga manter a calma com mais facilidade.

2# REFLETINDO SOBRE A NOSSA “VOZ CRÍTICA INTERIOR”

Quando nos sentimos “engatilhados” pelos nossos parceiros, não é somente o que foi dito que está em jogo.

Nas palavras de Firestone, “normalmente não estamos lidando somente com o que a outra pessoa está fazendo ou dizendo, mas com o que estamos dizendo a nós mesmos que está sendo feito ou dito”.

Todos temos uma voz crítica interior, formada por nossas experiências negativas, que se manifesta nos momentos de maior vulnerabilidade. Quando somos magoados por nossos parceiros, essa é a voz que intensifica a nossa reação. Ela nos diz coisas como:

  • “Ela não está prestando atenção no que você está dizendo. Ela nunca presta. Ela nunca te achou um cara interessante, porque na realidade você não é.”
  • “Ele esqueceu de novo a data do aniversário de namoro. É claro que ele não gosta de você tanto quanto você gosta dele, ou teria se lembrado. Você sempre prestou mais atenção a essas coisas, sempre se importou mais.”
  • “Ela quer conversar com você de novo? Fica mandando mensagem o tempo todo, ligando o tempo todo. Ela é carente demais, está te pressionando. Você não pode suportar alguém assim.”

Geralmente, as nossas vozes críticas interiores assumem coisas negativas tanto sobre nós quanto sobre as pessoas com quem estamos. E elas são especialmente destrutivas porque “distorcem o mundo através de um filtro sombrio”, nas palavras de Firestone. Essas vozes em nossas cabeças não apenas exageram os fatos, mas também adicionam interpretações com frequência equivocadas.

Ninguém gosta de se sentir ignorado pela namorada ou pelo namorado, não é mesmo?

Mas a nossa voz crítica, em vez de sugerir que nos comuniquemos racionalmente no que se refere aos nossos pensamentos, atribui um significado oculto às atitudes e às palavras de nossos parceiros.

“Se ela não presta atenção no que eu digo”, você pode pensar, “é porque sou estúpido ou desinteressante, e ela é uma pessoa insensível”.

E, antes que tenhamos a oportunidade de falar sobre o assunto de modo saudável, nossos pensamentos já deram cinco passos para a frente, e se perderam em um diálogo com essa voz crítica.

Daí em diante, diz Firestone, “nosso comportamento passa a ser uma resposta àquela conversação interna, e não um reflexo do que está realmente acontecendo”. É nos momentos em questão que nos tornamos frios, irritáveis ou furiosos, em sentidos e níveis que não fazem sentido à pessoa ao nosso lado.

Outro problema, segundo a psicóloga, é que, quando decidimos falar sobre o que estamos sentindo, é comum usarmos a abordagem errada.

Um exemplo?

Você se sente ignorado pela sua namorada. Em vez de dizer: “Me incomoda quando você fica olhando o celular enquanto tento conversar. Eu sinto que estamos perdendo a chance de nos conectarmos”, você diz: “Por que você me ignora o tempo todo? Você não mostra interesse em nada que eu tenho a dizer. É óbvio que você não dá a mínima para mim nem para os meus sentimentos”.

Quando reagimos dessa maneira, atacando o nosso parceiro, provocamos uma reação de sua parte que pode ser igualmente exagerada e nociva.

3# CONHECENDO MELHOR AS SUAS EMOÇÕES

Você já notou que as emoções que expressamos nem sempre são compatíveis exatamente com as emoções que estamos sentindo? Que, às vezes, é mais fácil demonstrar raiva, ira, furor do que insegurança, dor, medo de abandono?

Segundo o psicólogo canadense Les Greenberg, um dos principais criadores da TFE, ou, melhor dizendo, terapia focada na emoção, não é sempre que nossas reações emocionais iniciais refletem diretamente o que sentimos, porque muitas vezes os nossos sentimentos são difíceis de aceitar ou de expressar, já que contém elementos que nos vulnerabilizam, expõem ou constrangem.

Por exemplo, o amigo da sua namorada deu em cima dela e ela, apesar de rechaçá-lo, não foi enérgica o suficiente nem cortou contato completamente. Você pode de imediato ficar furioso, para evitar a vulnerabilidade de estar magoado e temer perdê-la. As últimas, no caso, seriam as suas emoções primárias, que dariam origem a emoções secundárias que, ainda que de mais fácil expressão, são como que máscaras.

“As nossas emoções são as que realmente expressam as nossas necessidades, de maneira que é preciso que entremos em contato com elas”, diz Firestone. “Elas estão ligadas a uma série de sentimentos profundos de mágoa, dor ou vergonha provenientes do passado. Ao encará-las, nos sentimos mais vulneráveis e expostos, e é por isso que é mais comum que reajamos aos nossos parceiros românticos com base em nossas emoções secundárias”.

4# SE RESPONSABILIZANDO PELA SUA PARTE DA DINÂMICA

É comum analisarmos os nossos relacionamentos e pensarmos: “Ah! Se ao menos ele me desse mais atenção”, ou “Ah! Se ao menos ela fosse menos carente”, ou ainda “Ah! Se ao menos ele não se irritasse com tanta facilidade”.

Bom, é verdade que os nossos parceiros são falhos, assim como nós. Mas de que adianta estarmos sempre focando nos defeitos alheios, sem procurarmos enxergar os nossos e os resolvermos?

Assuma a sua parte de responsabilidade. Conheça os seus gatilhos e procure conhecer os da sua parceira. Posteriormente, converse com ela sobre esse assunto e a ajude a ganhar mais consciência.

A partir do momento em que ambos os parceiros entendem as raízes e as dimensões dos próprios sentimentos e das próprias reações intensificadas, é possível estabelecerem um modo de comunicação mais colaborativo e direto.

Isso não significa que você precisa se responsabilizar por todos os problemas que existem no relacionamento, mesmo porque na maioria dos casos essa responsabilidade é dividida mais ou menos igualmente por ambos os parceiros. Significa apenas que pode fazer a sua parte e evitar criar uma distância ou fricção desnecessárias no relacionamento.

Quando bem aplicada, a colaboração colaborativa permite que tenhamos compaixão por nós mesmos e por nossos parceiros, e que trabalhemos para construir uma relação mais saudável e amparada nos princípios de companheirismo e satisfação mútua.

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