- O “Milagre de Jindo” atraí turistas do mundo todo, para atravessar o mar a pé.
- A maré inusitada expõe faixa de terra entre Jindo e Modo.
- O local tem um festival, que une ciência, tradição e espiritualidade no litoral sul‑coreano.
Jindo, uma das maiores ilhas da Coreia do Sul, é palco de um fenômeno natural incomum: em determinados dias do ano, a maré recua drasticamente, revelando um caminho de terra que conecta a ilha à pequena Modo. Essa passagem surge por pouco tempo, mas é o suficiente para que milhares de pessoas atravessem o mar a pé, atraídas por um espetáculo que une ciência, cultura e espiritualidade.
O “Milagre de Jindo”, que ocorre duas vezes ao ano entre março e junho, acontece o Festival da Passagem do Mar de Jindo. Durante o evento, moradores e visitantes se reúnem para realizar a travessia e participar de celebrações que combinam rituais tradicionais, música e dança.
O fenômeno e seus fundamentos científicos
A formação dessa estrada natural no mar resulta da conjunção de fatores gravitacionais — principalmente entre o Sol, a Lua e a Terra — que promovem marés excepcionalmente baixas, um efeito amplificado pela forma específica da costa, o leito marinho e o estreito de Myeongnyang, que conduz as correntes com grande intensidade.
Segundo especialistas, esses elementos criam uma harmonia de marés que, em momentos raros dessas marés baixas extremas, revelam um corredor com cerca de 2,8 a 2,9 km de extensão e entre 40 e 60 metros de largura, permanecendo visível por cerca de uma hora.
Tradição, cultura e entretenimento no festival
A tradição local ganhou vida com o festival, que incorpora apresentações de danças folclóricas como Ganggangsullae, canções tradicionais de agricultores, além de tambores, fogos de artifício e festas para jovens e turistas.
As festividades, que acontecem geralmente no final de março até início de abril ou junho, mobilizam a comunidade local e atraem até meio milhão de pessoas, entre sul‑coreanos e estrangeiros.
Lendas que reforçam a mística do fenômeno
A combinação entre beleza natural e fé local gerou lendas que enriquecem o evento. Uma delas conta a história de uma idosa chamada Bbyong, que, deixada para trás por ter fugido com outros moradores devido à invasão de tigres, suplicou ao deus do mar, Yongwang. Em sonho, ele lhe prometeu a abertura de um caminho colorido sobre o oceano. No dia seguinte, o mar recuou, formando uma estrada luminosa que permitiu que sua família a resgatasse. Essa história se tornou símbolo da resistência e fé da comunidade.