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alan fonteles
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“Querendo ou não, estas próteses são as minhas pernas”

Tive o prazer de conversar, estes dias, com um ídolo do esporte mundial que tem encantado a todos com seus feitos. Simples, simpático e seguro para seus novos desafios — foi essa impressão que tive de Alan Fonteles, 20 anos, o Blade Runner brasileiro. Guarde este nome, pois ele já está na história do atletismo internacional. E, na mesma velocidade que derruba tempos e quebra recordes, este fenômeno paralímpico quer continuar deixando para trás um adversário que nunca teve vez com ele: a limitação.

“Querendo ou não, estas próteses são as minhas pernas”, diz Fonteles. “Eu aprendi a andar com elas, nunca soube o que é ter uma perna real. Mas isso jamais me impediu de fazer qualquer coisa: andar de bicicleta, correr, jogar bola, pular muro. Sempre dei um jeitinho.” E como está fazendo bonito com esse seu jeitinho…

No mês passado, Fonteles quebrou o recorde dos 200m no Mundial de Atletismo Paraolímpico, na França, com um tempo de 20s66 que seria suficiente para deixá-lo em quarto na final do Troféu Brasil deste ano. E, mais, também o botaria em oitavo na final dos Jogos Olímpicos de Londres, competindo com adversários como Usain Bolt, Yohan Blake e companhia.

Em outras palavras, os seus tempos estão à altura dos principais atletas convencionais do planeta. “Quero participar do Troféu Brasil e acho que posso ir bem nas três provas [de 100, 200 e 400 metros]”, ele contou ao El Hombre.

Alan Fonteles teve as duas pernas amputadas com apenas 21 dias de vida, devido a uma sepsemia gerada por uma infecção intestinal. Com oito anos, ele resolveu começar a correr. Desde cedo, treinava ao lado de atletas sem deficiência. Aos 15, trocou as próteses de madeira por outras de carbono, próprias para a corrida — e estourou no esporte. O ápice de sua carreira foi quando derrotou o então considerável imbatível Oscas Pistorius nos 200m da Paralimpíadas de Londres, para ficar com o ouro.

Mas se você acha que acabou, está enganado. O próximo desafio deste batalhador é extrapolar o limite entre o esporte paralímpico e o esporte olímpico: “Vou brigar para chegar lá, pois este é um sonho meu de criança.” E depois de tudo o que ele alcançou até agora, alguém ainda duvida disso?