A população de pessoas com 100 anos ou mais no Japão atingiu um marco histórico, pulverizando recordes anteriores. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados em setembro, o país contabilizou 95 119 centenários, o que representa um aumento de 2 980 indivíduos em relação ao ano de 2023. Desses, cerca de 83 958 são mulheres, o que corresponde a aproximadamente 88 % do total.
O fenômeno marca o 54º ano consecutivo de crescimento no número de centenários e reflete profundas transformações demográficas no arquipélago. Desde 1963, quando começaram os registros sistemáticos, em que havia apenas 153 centenários, o Japão testemunhou um envelhecimento acelerado da população.
Envelhecimento acelerado e seus impactos
O aumento expressivo no contingente de idosos reflete melhorias contínuas na expectativa de vida, avanços na saúde pública e na qualidade de vida da população. Em 2022, mais de 10 % dos japoneses tinham 80 anos ou mais, e aproximadamente 29,1 % eram idosos com 65+ . Esses dados revelam um cenário em que a longevidade acompanha uma proporção crescente de dependentes na pirâmide etária.
Paralelamente, observa-se um impacto direto nos sistemas de saúde e previdência. O envelhecimento coloca desafios novos, como o aumento de casos de doenças crônicas e necessidades específicas de cuidados prolongados. Instituições médicas relatam que mortes por senilidade (fragilidade relacionada à idade avançada) estão entre as principais causas de óbitos em 2022, totalizando mais de 179 mil, com 88 % dos casos entre pessoas com 85 anos ou mais.
Quem são os centenários?
Entre os centenários, destacam-se indivíduos que ultrapassam os 110 anos, como Tomiko Itooka, reconhecida recentemente como a pessoa viva mais velha do Japão. Itooka faleceu em dezembro aos 116 anos, após uma vida marcada por vitalidade e independência até fases avançadas da idade.
Essas pessoas representam não apenas longevidade, mas também possuem histórias de resiliência e qualidade de vida. Muitos centenários mantêm rotinas ativas, mesmo em casa de repouso, demonstrando engajamento e bem-estar social.
Possíveis causas do aumento da longevidade
Estudos apontam diversos fatores que contribuem para a longevidade extrema no Japão:
- Dieta rica em proteínas e baixa em calorias — favorecendo saúde cardiovascular e controle de peso;
- Alto padrão de sistemas de saúde e bem-estar, que promovem envelhecimento saudável;
- Cuidados familiares e apoio comunitário são considerados pilares importantes na vida dos idosos.
Mesmo havendo fatores genéticos, especialistas consideram que hábitos de vida, apoio social e políticas públicas eficazes são determinantes na manutenção da saúde em idade avançada.
Desafios para o futuro
O crescente número de centenários impõe reestruturações necessárias. Em termos de recursos públicos, o Japão enfrenta pressão para manter a sustentabilidade do sistema de aposentadorias e serviços sociais. Com uma população ativa encolhendo, haverá aumento de dependentes por trabalhador, o que exige debates sobre políticas migratórias, incentivo ao emprego de idosos e equilíbrio de gasto fiscal.
Além disso, a saúde pública precisa se adaptar ao aumento da demanda por cuidados de longo prazo, serviços geriátricos e infraestrutura inclusiva para idoso.
O cenário também sugere impacto no mercado de trabalho, com iniciativas para prolongar a vida profissional e incentivar a participação de idosos na economia, sempre com foco em bem-estar e cuidado.