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Um papo com Filipe Toledo, o prodígio do surfe brasileiro

Surge um novo ícone grandioso, talentoso e carismático para a febre do surfe no Brasil aumentar e permanecer ainda mais ativa até o fim desta temporada.

Demos espaço para Mineirinho e muito para Gabriel Medina, contudo, chegou o momento de enaltecer Filipe Toledo, 20 anos – o mais jovem atleta da elite do surfe mundial e com duas etapas do circuito no currículo depois de sua emocionante conquista no Rio de Janeiro, obtida neste domingo.

Venceu com louvor, com duas notas 10 durante toda a etapa no Rio – inclusive uma das notas mais alta foi alcançada na final contra o australiano Bede Durbidge. Na decisão, Filipinho conseguiu também um 9,87 e finalizou com a somatória mais alta do torneio com 19,87.

Foi um verdadeiro show, empolgante para uma massa brasileira na areia da Barra da Tijuca. Esta foi a segunda conquista de uma etapa na carreira do jovem e promissor atleta, as duas atingidas em 2015. A primeira ocorreu na Austrália na primeira competição da WSL do ano.

Com o resultado, o paulista chegou à vice-liderança do ranking mundial, com 25,700 pontos. Ele está atrás apenas do também brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, líder com 26,250, formando uma dobradinha do “Brazilian Storm” (Tempestade Brasileira, apelido da nova geração brasileira) na elite do surfe.

O que se pode ver também é o poder carismático de Filipinho. Ouso-me a dizer que maior que Gabriel Medina. Poder de conquistar o público pela sua descontração, portanto, não comparo a técnica dos dois. Filho de Ricardo Toledo, bicampeão brasileiro de surfe nos anos 90, o jovem é, digamos, um “porra louca” do bem. Foi pra galera para comemorar e tem um sorriso simpático ao conceder entrevistas. Pude perceber quando concedeu uma entrevista exclusiva, em um evento de seu patrocniador, antes do título no Rio.

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Conheça um pouco mais de Filipinho, o novo pupilo brasileiro do surfe:

Como foi seu início da carreira?

Acho que um dos melhores inicios de todos. Meu pai (Ricardo Toledo) era surfista profissional. Ele tinha dois títulos brasileiros na época. Ele me colocou na prancha a primeira vez eu tinha dez meses, um neném ainda. Ele sempre colocava a gente ali na prancha, brincava e ia para a praia comigo.

Eu comecei a ir sozinho e ter vontade para a praia com seis anos. Foi tudo na base da minha família e de forma natural. Todos eles me deram o suporte que precisava. Tenho o meu irmão mais velho (Matheus, 24 anos – campeão paulista de 2010) como inspiração. Os aéreos que eu dou hoje é pelo fato de eu ter visto meu irmão mais velho, porque ele foi um dos pioneiros na época dele de começar esse surfe radical e progressivo. Então o início foi pela minha família. Acho que não poderia ter sido melhor.

Quando percebeu que seria profissional?

Foi com meus quinze anos de idade. Eu ganhei uma etapa do campeonato brasileiro de surfe profissional, com tantos nomes potentes do surfe brasileiro. Eu era o mais novo de todo o campeonato, fui e ganhei . A partir deste momento, me profissionalizei, eu era amador na época. Depois disso, comecei a competir o circuito mundial e aconteceu tudo muito rápido, na verdade. Foi questão de um ano que eu consegui me classificar para a WSL. Foi muito rápido, mas de uma forma muito linda.

A Brazilian Storm pode fazer história no surfe mundial?

Eu sou o mais novo de toda a geração da Brazilian Storm e o Adriano (Mineirinho, 28 anos) é o cara mais antigo que tem. A gente, que está ali dentro, serve de inspiração um para o outro. É bom saber que a gente serve de referência e inspiração para ajudar uma nova moleca a se identificar com o surfe. E quem sabe não conseguimos outro título, como Medina conseguiu ano passado. Tomara.

Ao que se deve esse seu início bom de temporada?

Esse ano eu comecei com o pé direito. Eu tive dois meses de treinamento pesado, me dediquei totalmente aos treinos. Acordava cedo, treinava cedo, dormia cedo… Treinar e surfar eram as únicas coisas que eu fazia. Acho que o resultado veio já quando eu consegui ganhar a primeira etapa com um desempenho muito bom. Depois os outros resultados não foram tão bons, mas a minha cabeça está boa, e o psicológico está bom. Tenho só me motivado para chegar no fim do ano com possibilidade de título e entre os cinco primeiros.

O Brasil passou a ganhar mais respeito no circuito mundial depois do título?

O respeito a gente veio ganhando aos poucos e agora é muito grande. Eles estão olhando pra gente com outros olhos. Estamos no mesmo nível dos melhores do mundo. Com mais audácia e respeito que ganhamos podemos ir mais longe. É só não abaixar a cabeça e ir longe.