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Human Acts, by Han Kang

3 livros coreanos incríveis para quem amou Squid Game, Hellbound ou Mr. Sunshine

Você gostou de Squid Game? De Hellbound? De Mr. Sunshine? Se a resposta for positiva, fique aqui conosco, uma vez que listaremos 3 livros coreanos incríveis, escritos pelos literatos mais talentosos do país e que certamente conquistarão um lugar especial na sua estante.

1# POR FAVOR, CUIDE DA MAMÃE, SHIN KYUNG-SOON

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Publicado em: 2008

Número de páginas da edição brasileira: 235 páginas

Antes dela desaparecer, você passava dias sem pensar nela. Quando pensava, era para pedir que fizesse algo, para censurá-la ou para ignorá-la. O hábito pode ser algo assustador. Você falava educadamente com outras pessoas, mas as suas palavras tornavam-se ásperas quando dirigidas à sua esposa. Por vezes a xingava. Agia como se tivesse sido decretado que não podia tratá-la com delicadeza. Era o que você fazia.

Sabe aquele sentimento que nos toma quando perdemos uma pessoa especial – o sentimento de que algo ficou faltando? Uma palavra que deixamos de lhe dizer, um carinho que deixamos de lhe fazer, um abraço que deixamos de lhe dar.

É esse o sentimento explorado no best-seller internacional Por Favor, Cuide da Mamãe, de Shin Kyug-Soon, que gira em torno da vida de Park So-nyo, uma mulher de sessenta e nove anos que desaparece em uma estação em Seul. Enquanto buscam desesperadamente achá-la, a sua família questiona a própria noção sobre o quão bem conhecem “Mamãe”, essa figura sofrida e altruísta que dedicou a vida exclusivamente ao marido e aos filhos. E é somente no instante em que se dão conta de que “Mamãe” também é um indivíduo, com os seus próprios desejos, qualidades e experiências, que percebem a dimensão dos sacrifícios que ela fez por todos.

Por Favor, Cuide da Mamãe é o livro ideal para aqueles que desejam explorar tanto os meandros da cultura coreana e as suas dinâmicas sociais e familiares, quanto para aqueles que possuem um interesse especial por temas universais, tais como a tradição, os deveres e a maternidade.

2# PACHINKO, LEE MIN-JIN

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Publicado em: 2017

Número de páginas da edição brasileira: 639 páginas

Entre todos os livros dessa lista, Pachinko é o que eu recomendaria com mais entusiasmo para os fãs de Mr. Sunshine. Se você se apaixonou por esse seriado, que gira em torno da ocupação japonesa na Coréia do Sul, certamente gostará de Pachinko, uma saga familiar ambientada na Coréia e no Japão do século XX, e que segue quatro gerações de uma família coreana que se desloca para o Japão em busca de uma vida melhor. Mas, uma vez lá, são vítimas do racismo e xenofobia implacáveis da sociedade japonesa, a qual desprezava imensamente os imigrantes coreanos nela presentes e lhes negava praticamente qualquer oportunidade.

A história tem início com Sunja, filha de uma família pobre mais respeitável, que acredita nas promessas de um homem mais velho e se entrega a ele, engravidando em seguida. A gravidez inesperada tem o potencial de arruinar a sua reputação e a sua vida, e o fato de descobrir que o amante já é casado a deixa em uma situação ainda mais delicada. A única solução viável aos seus olhos é aceitar a proposta de um hóspede da pensão de seus pais e casar-se com ele, que está disposto a assumir a criança como sua. Esse homem está prestes a imigrar para o Japão, onde seu irmão vive, e Sunja o acompanha. A partir de então, o livro segue as consequências de sua escolha – as alegrias e as tristezas, os desafios e as perdas, que esperam-na em Osaka.

Por que Pachinko?, você pode perguntar. Pachinko é um jogo de azar bastante famoso no Japão, o qual se assemelha ao nosso Pinball. Na época, os coreanos, que não podiam arrumar sequer um trabalho tradicional, eram relegados a trabalhar muitas vezes em áreas pouco valorizadas, sendo o Pachinko uma delas: “O Pachinko exalava um forte odor de pobreza e criminalidade”, afirma o narrador onisciente do livro. E, como colocou um leitor no Goodreads, “O título é uma representação da vida dos coreanos no Japão. Sempre haveria a esperança de sorte, mas, assim como a máquinas de Pachinko, alguém sempre estaria lá fazendo pequenos ajustes para garantir que nunca venceriam”.

3# ATOS HUMANOS, HAN KANG

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Human Acts, by Han Kang

Publicado em: 2014

Número de páginas da edição brasileira: 192 páginas

“Depois da sua morte, eu não pude enterrá-lo. E, então, a minha vida se tornou um funeral”.

Em uma época que tanto se discute acerca de regimes ditatoriais e autoritários, Atos Humanos é mais do que um bom livro: ele é um livro importante, pois discute as feridas que as ditaduras causam em uma nação. A violência tem um legado, um legado que vive durante anos, décadas ou mesmo séculos – ela assombra os passos daqueles que sofreram-na, e em alguns casos até daqueles que promoveram-na.

Após a separação entre as Coréias, ambos os países assumiram um viés ditatorial – cada qual, é claro, dentro de um espectro político –, e em Atos Humanos Han Kang explora o legado da ditadura militar sul-coreana, que destacou-se de tal modo por sua violência e brutalidade que a viúva de Chun Doo-Wan, último ditador do país, desculpou-se publicamente após a morte do marido, citando “todos aqueles que sofreram de dores e de cicatrizes durante o tempo de governo de meu marido”.

Um dos eventos mais tenebroso desse período foi o Massacre de Gwangju, no qual as forças do governo massacraram, assassinaram e prenderam uma série de estudantes que fizeram um protesto pacífico na cidade de Gwangju. Tratou-se de um dos mais terríveis atos de violência do século XX, com muitos estudantes sendo deixados mortos nas ruas, tantos outros feridos, e os restantes deixados para apodrecer na prisão.

É esse o evento histórico que Han Kang aborda em Atos Humanos – ou, antes o resultado dele, uma vez que o livro começa já com uma pilha de cadáveres em um oceano de sangue, e com o corpo dos jovens que cantavam o hino nacional enquanto eram destruídos pelos soldados de seu próprio país: “Quando juntaram-se às ruas, com as suas bandeiras e os seus gritos por democracia, receberam o resultado de uma ditadura”.

Estupros. Espancamentos. Torturas. E, é claro, o limbo em que se encontram aqueles que – por sorte, ou azar? – sobreviveram a tamanhas atrocidades. Atos Humanos aborda, com tanta suavidade quanto brutalidade, a história do Massacre de Gwangju a partir do prisma daqueles cujas vidas foram destruídas por ele, dando voz a um povo sem voz.

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