fbpx
Green Irish Tweet

Olivier Creed, Pierre Bourdon e a polêmica história do Green Irish Tweed

Você já ouviu falar no icônico perfume Green Irish Tweed? Para contar a sua intrigante história com a devida riqueza de detalhes, primeiro tenho que dar uma breve introdução à Creed.

Creed é uma empresa que cria perfumes de nicho caríssimos (perfumes de nicho significa que é uma empresa totalmente dedicada à perfumaria, e que cria fragrâncias exclusivas) e que tem uma história que começa lá 1760, criando luvas perfumadas.

A empresa britânica tradicionalmente é dirigida pela família, sendo atualmente gerida por Olivier Creed. Algumas receitas de perfumes são datadas de séculos passados, criadas pelo fundador, Henry Creed.

Hoje, ela é famosa pelo perfume Aventus, que não só ajudou a lançar a casa a patamares nunca pensados, como ajudou também a alavancar a popularidade de perfumes de nicho no mercado, fazendo-os entrar no mainstream, inclusive pintando em vários segmentos da cultura pop, como influencers, letras de músicas, séries, revistas, dentre outras tantas.

Pierre Bourdon e o Green Irish Tweed

Olivier Creed (esquerda) e Pierre Bourdon (direita)

Mas nem sempre foi assim. A Creed era uma empresa muito mais exclusiva, e só tinha acesso a ela alguns clientes restritos. A sua entrada no mercado de forma mais popular (mas não menos cara) iniciou-se apenas na década de 80.

No final da década de 70, Creed queria ingressar no mercado de forma mais ampla, e para isso precisava de uma fragrância criada exclusivamente para isso. Olivier Creed, responsável pela empresa na época, buscou Pierre Bourdon.

Pierre foi contratado para trabalhar de forma colaborativa com a casa britânica, na concepção de um perfume que tivesse facilidade em ser aceito pelo público, e o perfume foi Green Irish Tweed — que você, caro leitor, deve conhecer, pois o nosso Quasar do Boticário é muito parecido com ele. Seu cheiro é bem famoso, e ditou tendência na época. Muito atemporal, é até hoje, base de inspiração para inúmeras fragrâncias. Tanto que ele mesmo ganhará uma resenha dedicada aqui no El Hombre.

A briga entre Bourdon e Creed

E é aqui que a história diverge. Uma primeira, mais simples e aceita pela comunidade de perfumes; e a outra, mais complexa e controversa. Meses antes do lançamento do Green Irish Tweed, Olivier Creed comunicou a Pierre que seu nome não seria creditado à fragrância.

Bourdon ficou furioso, e planejou um revide contra a Olivier Creed e sua empresa.

Anos depois, surgiria o perfume Cool Water de Davidoff, que é muito próximo ao perfume Green Irish Tweed. Muito próximo de fato. Seu criador, você já deve imaginar quem seja: Pierre Bourdon.

Segundo os rumores, Bourdon teria usado a receita do Green Irish Tweed para criar o Cool Water, uma vingança contra o seu ex-chefe.

A ideia era que, com uma versão muito mais acessível, ninguém compraria um perfume de nicho. A popularização do Cool Water realmente acabou estagnando a entrada da Creed no mercado, que só foi se concretizar quase trinta anos depois com o Aventus, visto que o Cool Water ajudou serviu como base para inúmeras fragrâncias, como o Quasar, Ladro, dentre outras.

Os perfumes no meio dessa controvérsia

A vendeta de Bourdon

A primeira história acaba aí, de forma simples e direta. A segunda história, embora seja menos “oficial”, é muito mais interessante, porque envolve mais fragrâncias.

Olivier Creed, quando quis criar Green Irish Tweed, buscou receitas antigas, de seus antepassados, e contou com a ajuda de Pierre Bourdon para criar versões mais mercantis. Mas Bourdon não só teria tido acesso à receita do que seria a versão “vintage” do Green Irish Tweed, como também à de inúmeros outros perfumes. Um deles seria o Orange Spice, que fora lançado sob encomenda na década de 50 pela Creed.

Ainda antes do lançamento do Cool Water de Davidoff, que mencionamos acima, Bourdon criou um dos maiores exemplos de perfumes “powerhouse” da década de 80, o Kouros, pela casa de Yves Saint Laurent. Há grandes semelhanças entre os perfumes, de acordo com aqueles que já puderam sentir o raríssimo Orange Spice.

Supostamente ambas criações teriam sido uma vingança do Bourdon, por não ter sido devidamente creditado pela criação do Green Irish Tweed. Até porque existiam rumores que a Creed trabalhava desta forma, e que perfumistas contratados pela empresa assinavam um contrato que garantia o crédito pela criação exclusivamente à empresa, porque eram fragrâncias criadas pela própria Creed.

Montblanc entra no fogo-cruzado

Fragrância de um, inspiração do outro?

Muitos anos depois, Pierre foi contratado para trabalhar para a Montblanc, marca famosa de canetas, mas que tem inúmeros acessórios, inclusive perfumes.

Pierre criou o perfume Individuel, que não faz tanto sucesso. E dois anos mais tarde, Creed lançou o perfume Original Santal, que tem praticamente o mesmo cheiro do Individuel, e ainda conta com o nome “Original”. Foi uma forma da Creed tentar se vingar de Bourdon.

Porém, na tentativa de vingar-se de Bourdon, a Creed de certa forma acabou atacando por tabela a Montblanc.

Avançando para 2010, este foi o ano em que a Creed lançou o Aventus, um dos mais populares perfumes de nicho que temos hoje no mercado, e a marca ganhou status e popularidade, virando quase um culto. O perfume foi um tremendo sucesso, e começou a chamar atenção de inúmeras empresas, já que ele era bem diferente de tudo aquilo disponível no mercado desde então.

A Montblanc, então, criou o Explorer, um perfume diretamente inspirado no Aventus, e que fez um enorme sucesso também. Outras empresas já tinham criado perfumes inspirados no Aventus, mas nenhuma com o mesmo sucesso que a Montblanc com o Explorer. Foi o revide da marca de canetas em cima da gigante da perfumaria.

O quanto dessa saga toda é coincidência ou vendeta? Difícil ter certeza. Mas que é uma história no mínimo intrigante, isso com certeza é.

LEITURAS RECOMENDADAS

Matérias do El Hombre relacionadas ao assunto que você pode gostar também:

➤ Inscreva-se no canal do El Hombre no YouTube para vídeos diários de estilo, lifestyle e desenvolvimento pessoal.