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Fahrenheit, o perfume que aguça o imaginário

O universo da perfumaria é vasto e criativo, com infinitas possibilidades. É possível criar perfumes com praticamente qualquer cheiro imaginável. Mas só uma parcela é comercializada, muito porque é impossível querer acreditar que alguém vá querer ter cheiro de refogado, fumaça de escapamento, graxa de sapato ou cerveja. Como uma forma de arte, é possível imaginar esses cheiros em um perfume não voltado ao público, mas onde podemos traçar o limite entre a arte e o comercial?

Na década de 80, passamos pela era powerhouse das fragrâncias. Perfumes potentes e fortes, cheiros animálicos, muito musgo, musk e outras notas animálicas. Clássicos que permanecem até hoje no consciente do público. Um deles se destaca: Fahrenheit da Dior. A combinação de folha de violeta com couro, âmbar e especiarias, cria uma fragrância que tem cheiro de gasolina, graxa e borracha queimada.

Não é exatamente o cheiro, é uma analogia. A foto de um carro não é o carro, é uma imagem meramente ilustrativa, uma representação de algo real. O Fahrenheit é uma representação do real cheiro de gasolina, graxa, querosene, borracha, etc, um verdadeiro posto de gasolina, mas em forma de perfume. Se um escritor pode descrever o posto com palavras, um escultor cria a forma de um posto, o perfumista pode criar o cheiro. E por mais próximo que ele possa ser do cheiro, ele é ainda no final do dia, um perfume.

O couro, protagonista da fragrância, pode ser usado de inúmeras formas dentro da perfumaria, e uma delas é justamente a do perfume: lembra algo queimado e combustível, mas não é exatamente o mesmo cheiro que você vai sentir se estiver com o nariz na bomba de gasolina. Mas lembra, e o cérebro automaticamente faz a associação, da mesma forma que as palavras descrevendo um posto, vão fazer o leitor imaginar como ele é.

E por mais que um perfume com essa proposta possa ser estranho, o cheiro dele é maravilhoso. Claro, não é algo tão fácil a princípio, pois foge completamente do que temos de perfumaria comercial hoje. Seria muito bem um perfume de nicho, algo exclusivo para uma parcela de pessoas interessadas em fragrâncias exóticas. Mas com o tempo, você também começa a gostar.

Eu quando experimentei pela primeira vez, detestei. Mas não porque o perfume era ruim, eu simplesmente não conseguia entender como alguém ia querer algo assim como perfume. Hoje com tantos perfumes experimentados, maior conhecimento, consegui compreender. Recomendo que vocês experimentem também, com calma e com a mentalidade que é bem provável que vocês não vão gostar de início, mas com o tempo, pode tornar-se também um dos perfumes favoritos de vocês.