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Por que Benedict Cumberbatch é o grande ator do momento

Entre os concorrentes a Melhor Ator no Oscar desse ano, estão vários tipos. O ator veterano, Michael Keaton. O ex-comediante provando seu valor dramático, Steve Carell. O galã queridinho da Academia, Bradley Cooper. O galã se desprendendo da vaidade, Eddie Redmayne. Mas o maior queridinho do público, e que parece caminhar mais fortemente para manter-se nos holofotes de Hollywood, é Benedict Cumberbatch.

Em O Jogo da Imitação (The Imitation Game), ele interpreta o britânico Alan Turing, um matemático, lógico, criptoanalista e cientista da computação que ajudou a acabar com a Segunda Guerra ao desvendar um código nazista e depois foi processado por ser homossexual.

O início da carreira de Cumberbatch foi em 2000, com 23 anos, na série de TV Heartbeat. E foi na TV britânica – tanto em séries quanto em telefilmes – que começou a ficar bastante famoso, incluindo quando interpretou o aclamado físico teórico Stephen Hawking, papel pelo qual Eddie Redmayne também disputa a estatueta careca e dourada.

Hawking (2004), To the Ends of the Earth (2005), The Last Enemy (2008), Small Island (2009) e Parade’s End (2012) lhe renderam indicações a prêmios, mas foi em Sherlock, em 2010, interpretando uma versão contemporânea do icônico detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle, que Benedict conseguiu reconhecimento internacional. Além de duas indicações ao Emmy – ganhando o prêmio uma vez -, veio uma legião de fãs conquistados por sua interpretação e seu carisma.

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Benedict como Stephen Hawking

Assim que o ator ganhou fama mundial, virou queridinho do público por sua simpatia, entrevistas descontraídas, seu empenho em causas sociais – como feminismo, LGBT, apoio a instituições de ajuda a crianças e a portadores de esclerose lateral amiotrófica -, suas imitações de pessoas famosas – como Alan Rickman -, seu talento para o photobombing (o ato de intencionalmente aparecer nas fotos de outras pessoas, normalmente fazendo caretas ou poses divertidas), e logo virou um dos campeões de memes e de fãs, além de símbolo sexual reconhecido por diversas publicações.

Nos cinemas, já havia aparecido em filmes como Desejo e Reparação (Atonement, 2007) e A Outra (The Other Boleyn Girl, 2008), mas foi após sua interpretação em Sherlock que ele começou a dominar as telas de Hollywood. Depois de personagens secundários em O Espião que Sabia Demais (Tinker Taylor Soldier Spy, 2011), Cavalo de Guerra (War Horse, 2011) e O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012), foi em 2013 que sua carreira deslanchou de vez.

Teve papel de destaque em Álbum de Família (August: Osage County) e no vencedor do Oscar 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave); foi o principal vilão nos populares Além da Escuridão – Star Trek (Star Trek Into Darkness) e O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug); e protagonizou O Quinto Poder (The Fifth State), sobre Julian Assange.

E não foi só no cinema que Cumberbatch se destacou. Desde 2001, interpretou diversos papéis importantes em várias peças clássicas de teatro. Em 2005, concorreu a um Laurence Olivier, o maior prêmio do teatro britânico e que viria a ganhar em 2012. E também tem dezenas de trabalhos como narrador para rádio, documentários e audiobooks.

Atualmente, além de O Jogo da Imitação, está em cartaz também com Os Pinguins de Madagascar (Penguins of Madagascar). E entre as produções já confirmadas, interpretará o tigre Shere Khan em Jungle Book: Origins, a nova versão de Mogli, com lançamento previsto para 2017, além do personagem-título de Doutor Estranho, da Marvel, com lançamento previsto para 2016.

Acostumado a interpretar tipos serenos e inteligentes, Cumberbatch sempre se destacou por seu olhar e por sua voz grave e marcante. Nesse sentido, seu Alan Turing realmente representa um passo além em sua carreira, mostrando ao grande público que pode fazer um personagem sereno e inteligente, mas também com grande profundidade emocional e, ainda, desvencilhando-se de sua voz característica.

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Seu Alan Turing está irreparável

O ator entrega uma interpretação bastante sensível, com um personagem extremamente centrado e dedicado, e que ganha nossa simpatia mesmo podendo ser considerado arrogante. Seguro, Cumberbatch consegue nos divertir com o humor não intencional da personalidade de Turing e, no minuto seguinte, nos mostrar todo o sofrimento pelo qual ele passa, incluindo a dor de algumas decisões difíceis.

Numa época em que a homossexualidade era crime, obviamente o Turing é bastante discreto em relação à sua orientação sexual. Já o mesmo não se pode dizer de sua inteligência e sua falta de tato para relações interpessoais, talvez indicando algum grau de autismo.

Sua voz mais delicada mostra alguém extremamente seguro de tudo o que faz, mas sem a mesma segurança nas palavras que usa, com dificuldades de expressar o pensamento mais simples. Mesmo assim, é tocante ver como seu relacionamento com os outros personagens evolui, sempre de maneira natural.

Ainda não vi os trabalhos de seus concorrentes ao Oscar, mas Cumberbatch certamente entregou uma das melhores atuações da temporada, novamente utilizando-se muito de seu olhar e de sua voz, mas de uma forma bastante diferente de seus outros personagens.

Assim, mesmo que não ganhe o prêmio – não está entre os dois favoritos – ele continua caminhando a passos largos para ser uma grande estrela de Hollywood. E, se realmente conseguir, os fãs de cinema agradecem.