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Chile, desculpe-nos!

Thiago Sievers Head de Parcerias

Muito tem se dito que somos um povo hospedeiro. E acredite, Chile, realmente o somos. O que aconteceu no sábado foi um fenômeno atípico, provocado por uma manifestação de massa. Pelo menos é nisso que acredito.

Eu perdi a execução dos Hinos Nacionais no sábado. Mas quando ouvi dizer que havíamos vaiado vosso Hino, tive que assistir para acreditar. E, quando assisti, senti vergonha alheia. Aquele nível máximo da vergonha alheia, que você quer colocar a cabeça num buraco feito um avestruz, sabe?

O Hino é o que há de mais representativo do orgulho de um país; é seu símbolo; é tradição e história; é toda uma nação expressa em harmonia e melodia. Esse é o momento em que o patriotismo une corações e gargantas para um canto em uníssono. E o canto em uníssono que vocês executavam estava lindo, de arrepiar, de emocionar. Até surgirem as vaias.

Eu me pergunto, Chile, se aquelas pessoas sabem o que significa vaiar um Hino Nacional. É como se estivéssemos dizendo: “Seu país é um lixo, seus cidadãos são todos cretinos e nós queremos que vocês se explodam. De preferência eliminados”.

Sinceramente, eu não acho que tenha sido isso o que aquela gente quis expressar. Acho que foi mais um ato leviano, impulsivo, irresponsável e desrespeitoso. Contudo, há o risco de entenderem dessa forma. Mas, por favor, não acreditem nisso.

Estamos equivocados. É uma asneira sem tamanho considerar que o Hino a capella é domínio nosso. Não poderia haver pensamento mais miserável. Em matéria de torcida nacional, Chile, temos mesmo é muito a aprender com vocês.

Os seus brilharam nas arquibancadas de nossa terra, sempre empurrando e apoiando a equipe, com gritos que empolgam e emocionam. Mesmo em ambiente adversário, lá estavam seus filhos, enchendo os pulmões e soltando a voz para se fazerem ouvidos num mar amarelo e verde. Mar esse que – infelizmente para nós – não empolga tanto quanto sua pequena e intensa torcida.

Portanto, face à vergonhosa atitude, ainda que a maioria do estádio seja a minoria do país, sentimo-nos no dever de nos desculpar: Chile, perdoe-nos!