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Mais 5 livros que todo homem deveria ler

Chegamos à segunda versão dos “Cinco Livros que Todo Homem Deveria Ler”, novamente, com obras das mais variadas. Sem delongas, leiamos (esta listagem e os livros, senhores).

Ou melhor, com uma delonga – a meu ver, bastante justificável: a relação que segue tem por base leituras feitas nos últimos meses e meu gosto pessoal. Não é, e nem seria concebível que fosse exaustiva. Isso quer dizer que novas versões podem vir, e que sugestões dos leitores são sempre bem-vindas.

1# Trilogia “Musashi”, de Eiji Yoshikawa

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Composta por:

  • A Terra, A Água, O Fogo – 1
  • O Vento, O Céu – 2
  • As Duas Forças, Harmonia Final – 3

Miyamoto Musashi não é novidade nesta série de artigos. Na primeira versão, apareceu como redator; aparece, agora, como redação. Li a primorosa tradução da editora Estação Liberdade.

A trilogia relata a vida de Musashi. Vai de seus anos juvenis, como afoito adolescente porradeiro, à sua consolidação como espadachim, como mestre, como erudito, enfim, como homem completo.

Integra o leitor no progresso do protagonista da espada à pena, e desta, de volta à primeira.

É uma tempestade de filosofias e frases célebres, de que, com certeza, vale tomar nota. A história envolve, encanta e decepciona – mas só decepciona quando acaba, e isso porque o leitor possivelmente vai se dar conta de que galgará um longo caminho até encontrar outras obras à altura desta.

Musashi, por fim, é uma figura histórica e folclórica do Japão. Tamanha foi a repercussão de seus feitos que sua história se mesclou aos devaneios dos locutores. Hoje, não se distingue com precisão absoluta os eventos fáticos dos exageros que o alçaram ao nível de folclore.

Ainda assim, o leitor se surpreenderá ao constatar a veracidade de variados eventos, como o embate com toda uma escola de artes marciais – Musashi, sozinho, enfrentou e derrotou cada um dos alunos da mais afamada escola à sua época.

2# 1984, de George Orwell

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Trata-se de uma distopia totalitarista. O protagonista vive sob o regime do “bem comum”, em que tudo converge para o bem e crescimento do Estado – personificado no “Grande Irmão”. Big Brother, no original.

O Grande Irmão tudo vê e tudo ouve. Literalmente, já que todos os cidadãos são constantemente monitorados por teletelas, uma espécie de câmera que nunca pode ser desligada.

Há doutrinação em todas as esferas imagináveis. Cogitar qualquer coisa fora do determinado como “aceitável” pelas autoridades é crime. Fiscalizável, por incrível que pareça. E, ah, como o Estado é eficiente na fiscalização do que lhe é de interesse!

Ainda assim, o protagonista se arrisca a pensar. Suas conjecturas o alçam em situações até então inimagináveis – e, para desalento do leitor, inescapáveis.

A obra data de 1948 (daí o joguinho com os números), o que a torna espantosamente atual. Depois de conhecer o livro, o leitor concordará que Orwell foi quase um profeta, considerando o atual cenário político do mundo. Considerando, em especial, um país específico, que praticamente copia o modelo do bom e velho “Big Brother” – e que o leitor provavelmente vai identificar sem muito esforço.

E sim, meus caros, esse “Grande Irmão” é a raiz do modelo de programa que originou o show da Rede Globo de televisão. Mas que essa referência não ofusque seu julgamento sobre a qualidade da obra. Combinado?

3# Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

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Outro clássico. Outra distopia totalitarista. Outro lado da moeda – e se toda aquela doutrinação de que falamos se passasse sob um Estado de políticas pretensamente liberalistas?

Huxley leva o consumismo a níveis impensáveis. Numa sociedade em que conhecer a obra de Shakeaspeare é selvageria, Henry Ford é louvado como uma divindade; objeto, inclusive, de um trocadilho muito bem pensado: as personagens exclamam “Oh, Ford!” ao invés do tradicional “Oh, Lord!”. Enfim.

Pessoas são agrupadas em castas e condicionadas desde o seu nascimento. Tem- se, aqui, um novo nível de doutrinação: biológica. Pavorosamente bem construída, vale dizer.

Cada indivíduo tem seu lugar certo e imutável na sociedade. Cada casta se veste de uma maneira específica e repudia as demais. Pessoas nascem em um centro governamental, exclusivamente construído para esse fim. O sexo é banalizado, embora a gestação seja tida como um retrocesso anti-higiênico.

Mas, como cedo ou tarde alguma mutação tende a surgir, eis que cresce um indivíduo diferente nas castas superiores. A partir disso, há o desenrolar da breve história, de leitura fluída e agradável.

4# O Gene Egoísta, de Richard Dawkins

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Falar de mutações é referenciar Richard Dawkins. O geneticista é, não a toa, autor do brilhante “O Gene Egoísta”, obra que analisa a Teoria da Evolução de Darwin sob uma ótica diferente.

Há, em suma, três correntes diferentes do teorema de Darwin: a evolução individual, do próprio; a evolução de grupos; e a evolução motivada por genes. Tomei conhecimento disso, vale dizer, nesta obra, que é realmente didática.

Neste ponto, o leitor deve presumir que Dawkins analisa a Teoria da Evolução motivada por genes, estou certo? O faz, e de forma extremamente bem construída e convincente. Até para leigos. Aliás, este é o público-alvo do livro, de um modo geral.

Arrisco um resumão, no intento de despertar o interesse do leitor pelo assunto (que é legal, juro!): o que move o mundo, meus caros, são os genes. Pequenos compilados de informações que determinam a cor dos seus olhos, o comprimento das suas pernas, seu fôlego, suas aptidões físicas, enfim, basicamente tudo. E esses genes são biológicamente programados para algo: sobreviver. Ou melhor, perdurar no tempo.

Se a “programação biológica dos genes para a sobrevivência” parecer meio forçada, o autor (do livro, não eu!) apresenta um argumento bem convincente, que tento reproduzir, ainda que de modo grosseiro: sim, pode ser improvável. Mais ou menos igual a alguém na sua família ganhar na Mega-Sena. Mas, espere… Se todos os membros da família jogarem toda semana por alguns milhões de anos, é factível que em algum momento alguém seja premiado, não?

E se supormos que, por acaso, você seja um sujeito felizardo e precavido, você bem poderia aplicar o dinheiro e sua fortuna se manteria em posse de seus descendentes (que, por uma questão genética, tenderiam a ser precavidos também) por centenas, ou milhares de anos.

Ficou mais ou menos claro? Bem, de qualquer forma os genes têm uma vantagem relevante no temerário intento de perpassar suas características pelo maior tempo possível: é bem provável que um dos seus genes, caro leitor, seja exatamente o mesmo, a íntegra, a exata cópia do que seu vovô tinha. Isso é possível porque, na concepção sexuada, cada genitor doa uma cópia de metade dos seus 46 genes.

Com 23 do papai e 23 da mamãe, existe a possibilidade de algumas características perdurarem dezenas de gerações.

“Sim, mas e nossos corpos?”, alguém pode perguntar. Meras máquinas para facilitar a defesa e ensejar a sobrevivência dos genes, O Sr. Dawkins responderia. Claro que um autor desse calibre não desconsideraria os fatores culturais a que os seres humanos, em especial, são submetidos. Tudo está devidamente explicado, e é uma leitura bastante instrutiva, especialmente pelo fato de o livro ter sido redigido tendo como alvo o leitor leigo na biologia.

5# Trilogia “A Revolta de Atlas”, de Ayn Rand

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Esta sugestão carrega uma enorme influência da visão política de quem a redige. Ayn Rand é, antes de romancista, filósofa, e suas obras são fortemente inspiradas por seu “objetivismo” – que é a denominação dada à corrente filosófica que ela desenvolveu.

Corrente esta que, a meu ver, é de utilidade, beleza e veracidade tremendas. Em grosso modo: esforce-se e progredirá; seja um queixoso inerte, e estagnará. O livro desenvolve visões políticas antagônicas, como, por exemplo, o bem-estar social e o liberalismo. No final, tudo se resume a esforço pessoal, mesmo.

Causa um pouco de espanto ver como a obra, publicada em 1957, segue atual. Especialmente no Brasil, especialmente em nosso contexto político.

A obra é instrutiva e sua leitura diverte. Por vezes, “enrosca”, já que, como disse, a autora é mais filósofa do que romancista. É uma boa romancista, vale dizer. O que faz dela, na lógica que apresento, uma filósofa ilustre.

Há registros gravados de sua agudeza intelectual, que podem ser encontrados sem muitos esforço nos sites de compartilhamento de vídeo. Cinco minutinhos devem bastar para os leitores se convencerem do valor do pensamento desenvolvido por Rand.

Esta é, penso eu, daquelas poucas leituras que têm o condão de ampliar sua visão de vida.

Veja aqui a primeira versão da lista dos 5 livros que todo homem deveria ler