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A maior e mais histórica academia ao ar livre

Thiago Sievers Head de Parcerias

As academias ao ar livre não são mais novidades. Todo parque que se preze tem uma barra e algumas pranchas para abdominais. Alguns lugares vão até mais longe e disponibilizam instrumentos feitos na raça pelos seus usuários com lata de tinta, barras de metal, gesso, areia, cordas e etc, como é o caso do Parque Ibirapuera em São Paulo e da academia no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Quem se exercita nesses locais não se preocupa com conforto, controle de carga, aparelhos intocáveis e dezenas de espelhos: o ambiente natural parece ser o maior atrativo (somado ao fato de ser de graça, é claro). Normalmente há diversas barras e troncos de árvores para a realização de supinos e bíceps, além de “máquinas” com cimentos de diversos tamanhos para exercitar costas e tríceps. Muitas vezes esses redutos da malhação na natureza surpreendem pela estrutura.

Mas nenhum deles se compara à Kachalka Muscle Beach, academia localizada em Kiev, capital da Ucrânia.

Na verdade, esse não é o nome da academia, mas sim de um livro produzido pelo fotógrafo ucraniano Kirill Golovchenko que a tem como foco. E ela faz por merecer a atenção. O local é histórico. Foi idealizado e realizado pelo ginasta polonês Kasimir Jagelsky e pelo professor matemático Yuri Kuk no começo da década de 70, quando o país ainda era uma república da União Soviética.

O sonho da dupla era criar um lugar público e ao livre para a malhação. Como naquela época muito metal era sucateado, foi esse o material utilizado para a construção da academia. Pedaço de veículos, correntes de tanques, pneus de trator e peças usadas para salvamento marítimo são algumas das opções de Jagelsky e Kuk para a composição da academia ucraniana.

São 10 quilômetros quadrados de terreno que abriga mais de 200 equipamentos de metal pintados em azul-claro, que, apesar de fazer parte da bandeira do país, se contrapõe ao vermelho da URSS. Há aparelhos para supino deitado e sentado, para bíceps, tríceps e costas; têm máquinas para exercícios de perna e até para exercícios aeróbicos; são encontradas barras reta, em W e também tortas (por conta dos pesos nas extremidades há décadas); há pneus dispostos semelhante a saco de boxe e estrutura para fazer crossover; entre incontáveis outras opções.

Tudo isso, claro, sem o luxo de acolchoamento algum.

O ambiente é cercado por árvores e o chão é de areia (provavelmente esse o motivo para o “beach” no livro de Golovchenko). O aspecto da academia e dos aparelhos é um tanto sombrio. As pinturas descascadas e a aparência enferrujada dão um tom de abandono ao lugar (embora essa não seja a realidade, já que muitas pessoas continuam utilizando os equipamentos com frequência).

As pessoas que fazem proveito da maquinaria são de todas as idades, inclusive os mais velhos que acompanharam a guerra fria desde seu início. Em um dos registros fotográficos aparece um senhor de aparentes 70 e poucos anos fazendo tríceps. Em outras fotos, jovens e adultos usufruem dos equipamentos desfilando seus shorts curtos ou sungas.

O trabalho de Kirill Golovchenko serve para resgatar um aspecto da história de seu país. Ao ver as fotos é possível imaginar os soldados soviéticos, com a constituição física bruta dos povos eslavos, se exercitando na Kachalka Muscle Beach nas décadas de 70 e 80 (mesmo que isso nunca tenha acontecido).

A impressionante estrutura da academia nos faz refletir sobre o trabalho que seus idealizadores tiveram para tirar a ideia do papel. Recolher metais sucateados e os transformar em equipamentos de malhação não é para qualquer um — assim como levantar os pesos das máquinas da maior, mais histórica e mais máscula academia ao ar livre do mundo.

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